Susan Sonntag morre aos 71 anos
Uma das grandes intelectuais norte-americanas, Susan Sonntag morre aos 71 anos, hoje
Na verdade, ela preferiria escrever romances, e não ensaios. Na verdade, ela gostaria de ler, escrever, encenar peças, ir ao cinema e viajar, em vez de fazer seus comentários políticos. Mas não adianta. Vêm os jornalistas, e começa tudo de novo. “Provavelmente eu tenha uma consciência superdesenvolvida, de forma a achar que sempre é minha obrigação participar das discussões públicas sobre política e cultura. Essa é a cidadã em mim”.
“ Provavelmente eu tenha lido muito Kant na minha juventude [...] Nós vivenciamos uma mudança tão radical nos Estados Unidos, e há tão pouca crítica aberta, que eu me sinto na obrigação de me manifestar."
Um de seus últimos livros, intitulado Diante da Dor dos Outros, é uma reflexão sobre a imagem do sofrimento alheio. "Trata-se ali da guerra. [...] É uma reflexão sobre como nos inteiramos de uma guerra da qual não participamos e apenas conhecemos através de fotografias e imagens. Eu escrevo sobre esse abismo entre as imagens e a realidade."
Susan Sontag não hesitava em utilizar conceitos como compaixão, veracidade, moral e realidade. E isso em um mundo no qual vê muita superficialidade e cinismo. "Vivemos num mundo em que as pessoas são encorajadas a serem cínicas, vulgares e superficiais e a odiar aqueles que são sérios." Entre os quais ela, com razão, se incluía.
"Tem-se a impressão de que é verdade o que se escreve, mas com certeza nunca é toda a verdade. Escrever é comparável à fotografia. Escolhe-se algo para enfocar, deixando-se muita coisa de fora. Um outro trecho da paisagem, um outro enfoque, daria uma foto totalmente diferente".
Captar tanto quanto possível da realidade - é disso que se trata na vida. E isso Susan Sontag fazia através de leituras, viagens e seu engajamento em casos concretos, como o fato de ter vivido durante três anos em Sarajevo. Mas principalmente através de uma posição interior marcada pela flexibilidade e a espontaneidade. Just do it - no que a escritora, profundamente européia, se revelava muito americana.
Rene
1 Comentários:
o Rene coloca umas fotos
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