Eis...
Tolerância é a capacidade de aceitar o diferente.
Não confundir com o divergente. Intolerância é não suportar a pluralidade de opiniões e posições, crenças e idéias, como se a verdade fizesse morada em mim e todos devessem buscar a luz sob o meu teto.
Conta a parábola que um pregador reuniu milhares de chineses para pregar-lhes a verdade.
Ao final do sermão, em vez de aplausos houve um grande silêncio.
Até que uma voz se levantou ao fundo: "O que o senhor disse não é a verdade".
O pregador indignou-se: "Como não é verdade? Eu anunciei o que foi revelado pelos céus!"
O objetante retrucou: "Existem três verdades.
A do senhor, a minha e a verdade verdadeira.
Nós dois, juntos, devemos buscar a verdade verdadeira".
Só os intolerantes se julgam donos da verdade. Todo intolerante é um inseguro. Por isso, aferra-se a seus caprichos como um náufrago à tábua que o mantém à tona.
Não é capaz de ver o outro como outro.
A seus olhos, o outro é um concorrente, um inimigo.
Ou um potencial discípulo que deve acatar docilmente suas opiniões.
O tolerante evita colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele apreende apenas alguns fragmentos, e que só pode ser alcançada por esforço comunitário.
Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada.
Tolerância não é sinônimo de tolice.
O tolerante não desata tempestade em copo d’água, e jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter seus princípios e agir conforme sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.
O que almejo, não é o que espero.
O resto é silencio...
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