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René Queiroz

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terça-feira, novembro 22, 2005

Uma guerra sem fim

Não se pode negar que o governo, e o próprio PT, tentaram tudo o que estava a seu alcance para obter alguma trégua na crise política. Tais tentativas tinham como pressuposto a idéia de que não interessava à oposição tucano-pefelista minar a política econômica, ou detonar o seu principal executor, o ministro Palocci.
Isso, apesar de, desde o início, havia se delineado uma situação em que a trégua só seria alcançada com a saída de Lula e do PT do governo. A condição para a trégua era que essa "raça" fosse afastada do poder político por algumas dezenas de anos. Essa pretensão foi apresentada claramente pelo presidente do PFL, mas muita gente supôs tratar-se apenas de um exagero de retórica.
No entanto, na prática era esse o objetivo perseguido. Os surtos desvairados de ódio cresceram tanto nos momentos de defensiva do governo e do PT, quanto nas vezes em que ensaiaram ataques mais consistentes contra os oposicionistas. Os movimentos recentes, que mostram as armas tucano-pefelistas apontadas também para o ministro Palocci, indicam mais claramente que a oposição só tem compromisso com aquele objetivo. O resto é firula.
Se o PT e o governo Lula estão dispostos a enfrentar a estratégia tucano-pefelista, devem ter em conta que estão diante de uma guerra sem fim. Uma guerra em que o lado de lá não dará trégua, não levará em conta qualquer interesse superior do país, não terá a verdade como meta, nem a inocência como pressuposto. Uma guerra em que, a única coisa que realmente conta é a destruição do PT e a derrubada mais rápida do governo, ou seu contínuo sangramento até outubro de 2006.
O pior, em tudo isso, não é a ilusão de que o tucanato-pefelista possa chegar a algum tipo de compromisso pelos interesses do país. O pior é que o PT parece não haver se dado conta de que, estando em guerra, não pode contemporizar com "generais e oficiais" do antigo estado-maior que cometeram erros crassos, abriram flancos para os ataques inimigos e deixaram que suas forças sofressem perdas imensas. Qualquer exército que se preze sabe que, para reorganizar suas forças e criar as condições para retomar a iniciativa no combate e passar à ofensiva, tem que punir exemplarmente os que cometeram faltas, mesmo que sejam generais engalanados.
Não por acaso, as recentes tentativas petistas de passar à ofensiva têm caído no vazio. Pesa-lhes o fardo de continuarem carregando impunes as lideranças que cometeram irregularidades e delinqüências. Sem resolver essa pendência, a nova direção do PT corre o risco de afundar na mesma impotência que marcou a interinidade de Tarso Genro. Com a agravante de ser responsabilizada por haver perdido a guerra contra a direita. Guerra é guerra, e os perdedores sempre são os responsáveis por sua derrota.
Wladimir Pomar é analista político.

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