Coisas do Brasil
O decreto de "demissão" do gerúndio, assinado pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), recebeu críticas de especialistas em língua portuguesa .
A principal alegação é que o governador não pode controlar o uso do português.
Além disso, teria feito uma confusão ao "demitir" o gerúndio, e não o gerundismo, vício de linguagem que invadiu o serviço público e o telemarketing. Publicado na última segunda-feira (1º) no Diário Oficial, o decreto proíbe o uso do "gerúndio" como desculpa para a ineficiência na administração pública. "Fica demitido o gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal", diz o texto do decreto.
João Cabral de Mello Neto escreveu um belo poema usando o gerundio:
TECENDO O AMANHÃ
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos que
com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
E se ligarmos agora para o chefe da casa civil perguntando pelo Governador, o que o seu secretario irá dizer?
- O Governador esta a viajar...
Rene
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