A Pergunta Que Não Queria Calar
Diz que a Pergunta Que Não Quer Calar morreu, que era a única forma dela ficar calada. No funeral se reuniram as outras perguntas, para prestar a última homenagem. A Pergunta Retórica, pela própria natureza, resolveu fazer o discurso de despedida, caprichando na oratória para levantar algumas suspeitas conspiratórias. Mas as Perguntas Indiscretas ficaram fofocando durante todo o discurso e ninguém ouviu nada. Mais tarde, no buffet, as Perguntas Intrigantes retomaram a teoria da conspiração: parece que a Pergunta que Não Queria Calar sabia de umas falcatruas financeiras da Pergunta Especulativa. As Perguntas Mais Freqüentes, que freqüentavam tudo que era funeral, ouviram e passaram o boato adiante, que ganhou as ruas – e, claro, chegou à redação dos jornais, através das Perguntas dos Leitores. O caso foi parar na Justiça, e a polícia determinou que as Perguntas Invasivas adentrassem a mansão da Pergunta Especulativa e que as Perguntas Capciosas a prendessem para interrogatório. Mas parece que a Pergunta Especulativa comprou todo mundo – e acabaram prendendo mesmo uma pobre de uma Sem-Resposta, pergunta moradora de rua que foi acusada de matar a Pergunta que Não Queria Calar para roubar dinheiro e comprar crack. Com isso as Perguntas Investigativas também calaram e a culpa ficou com a violência no Brasil.
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