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René Queiroz

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quarta-feira, maio 02, 2007

Qual CUT???

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) acredita que hoje, mesmo com vários setores do governo saídos do sindicalismo, o trabalho está mais frágil para resistir ao avanço contra direitos históricos, do que na gestão do ex-presidente Fernando Henrique. O motivo seria a diversidade ideológica de partidos aliados do presidente Lula e a unidade dos principais partidos de oposição, PSDB e PFL, em torno do interesse empresarial. “O momento é pior, é mais grave do que quando tentaram mexer no artigo 618 da CLT”, diz o secretário-geral da CUT, Quintino Severo.
Em 2001, o governo FHC mandou ao Congresso projeto que fazia uma reforma trabalhista ao gosto patronal, ao mudar o artigo 618 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A proposta dizia que um acordo entre empresários e empregados valeria mais do que direitos garantidos em lei.
O projeto chegou a ser aprovado na Câmara, apesar da pressão das centrais sindicais, mas empacou no Senado. Era de autoria do então ministro do Trabalho, Francisco Dornelles. Hoje, Dornelles é senador e integra a base de sustentação do governo Lula, num exemplo ilustrativo da diversidade ideológica do campo governista apontada pela CUT como um problema para os trabalhadores. “A direita está aproveitando para explorar essa coalizão. Tudo o que conseguir, será lucro”, afirma Severo.
Quem participa da coalizão, mas pela esquerda, tem diagnóstico parecido sobre a ameaça que a pluralidade representa para os trabalhadores. “Este é um governo do PT, dos aliados, mas é um governo em disputa. Ainda há vozes que advogam o neoliberalismo”, afirma o deputado federal Geraldo Magela (PT-DF).
Para Severo, será inevitável que o governo faça algum tipo de concessão ao empresariado porque a chamada emenda 3 foi longe demais – aprovada com folga no Congresso, pode agora ser restabelecida pelos parlamentares, apesar do veto do presidente Lula.
Aliás, a “emenda 3” ganhou vida no ano passado pelas mãos de um parlamentar que apoiava o governo, o então líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), em mais um exemplo da captura do governo por uma base heterogênea. Além disso, a emenda foi aprovada com a ajuda de grande parte de parlamentares governistas.

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