SUOR E LÁGRIMAS
Na semana em que o PT entrou em transe, confrontado com as suas próprias verdades, o senador Eduardo Suplicy (SP) era o retrato perfeito da perplexidade. Compungido, fiel a um eleitorado de classe média que acalenta cuidadosamente há mais de 25 anos, não lhe restou alternativa que não, num discurso emocionado, entre lágrimas, na quarta-feira, assinar o requerimento da CPI dos Correios contra a determinação do partido. Numa carta ao presidente Lula, acusou a direção da legenda de estar distante da vontade popular. Era um gesto de independência, mas também um emblema sociológico. Suplicy compõe aquela parcela do petismo formada por frações radicalizadas das elites — e ele próprio lembrou que o petismo lhe custou o estremecimento até de relações familiares — para aderir a um projeto que, um dia, se quis socialista, depois socialista democrático, depois só democrático, para, na prática, degenerar em autoritarismo ad hoc, administrado segundo as conveniências da hora. Acostumado a falar a linguagem da “ética” na vida pública e a se mostrar como um naïf entre impuros, o que sempre rendeu dividendos ao partido, o senador teve de levar sua persona política até as últimas conseqüências, assinando o requerimento. José Dirceu, chefe da Casa Civil, ministério ao qual compete, afinal, zelar pela qualidade dos titulares dos cargos de confiança — e Maurício Marinho, o homem dos Correios, bem como Waldomiro Diniz, o ex-homem do próprio Dirceu, estão nessa categoria —, estrilou e defendeu que os descontentes deixem o PT. Suplicy avisou que não sai e que travará as suas batalhas no seio do próprio partido. E se mostrou convicto de estar fazendo um “bem” ao presidente Lula. A luta continua...
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