Sebastião...
Sebastião mora em um condomínio popular na periferia da cidade.
Milhões de apartamentos todos iguais.
Sebastião na segunda feira chegou mais cedo do trabalho.
Teve uma manhã difícil além de um mau jeito nas costas. Sebastião passou pela enfermaria e com todos os papéis na mão foi pra casa.
A dor o deixara já muito aborrecido e confuso.
Sebastião naquele dia nem fez a parada lá no bar do Nicolau. Sebastião queria chegar logo em casa, tomar um banho e cair na cama. Sebastião subiu as escadas com dificuldade. Mora no quarto andar e condomínio de pobre não tem elevador. Sebastião pensou em bater na porta mas ao mesmo tempo lhe ocorreu que a mulher poderia ter saído para comprar o pão. Buscou a chave no bolso e quando ia enfiá-la na fechadura, percebeu que a porta não estava trancada. Sebastião entra com cuidado. Sua cabeça está enorme, parece um balão, pois ela também dói, invejosa das costas.
Está tudo uma bagunça.
Sebastião se aborrece mas pretende somente descansar.
Vai ao corredor e sente vozes. Com quem a mulher estaria falando já que não tem telefone em casa? Sebastião sente que a fúria está chegando. O que será de sua cabeça que já lhe tritura os miolos? Sebastião afasta lentamente a porta do quarto e vê que são dois os ocupantes da cama. Na penumbra vê bem que é um homem com uma mulher. Sebastião vê que estão pelados e promovendo a paz no mundo. Sebastião sobe nas tamancas. Dá um grito e apanhando um banquinho, avança como um viking alucinado por sobre o pobre homem.
Senhor juiz, agora me diga.
Que culpa tenho eu que Sebastião errou de apartamento, entrou no meu e me pegou no bem bom do meu aconchego?
Os tiros que lhe dei foi porque pensei se tratar de assaltante. Acho também, como bem disse meu advogado, irrelevante o fato de que a mulher que estava comigo, que aliás ele nem viu, fosse a dele.
by Flávio Prada
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial