A Vitória de Chavez
Se por um lado a vitória do Não foi uma terrível derrota para o projeto e o programa de transformação nacional de Hugo Chavez, por outro lado o resultado é a confirmação de todas as demais vitórias do presidente venezuelano e demonstração inconteste da democracia plena na Venezuela. Desde a primeira eleição de Chavez, são muitas as acusações acerca de um suposto caráter ditatorial de seu governo, mesmo com tantos referendos, plebiscitos, eleições e consultas populares. Nos últimos tempos mesmo, até no Congresso Nacional brasileiro, viu-se a tentativa de setores da direita mais radical, de impedir o ingresso da Venezuela no Mercosul, sob a acusação de que aquele país não seria uma democracia. A oposição venezuelana, desde o início da convocação do referendo, adotou o mesmo discurso, alegando que não seria democrático, que a votação e os resultados seriam fraudados, dentre inúmeras outras acusações que caíram por terra nesse domingo. Será uma grande vitória da democracia venezuelana?, profetizava Chavez, desde o início da última semana. E assim o foi. A vitória da oposição no referendo confere absoluta legitimidade à Democracia Popular na Venezuela, bem como ao sistema eleitoral, plenamente isento e eficiente. As acusações oposicionistas acerca da possibilidade de fraude mostraram-se levianas e infundadas, demonstrando que todos os resultados obtidos pelas urnas foram a mais legítima manifestação da vontade popular. Com isso se consolida em definitivo o sistema democrático venezuelano, com a participação regular e direta da população em todas as principais decisões do país. E o resultado fortalece o exemplo democrático que deve servir de exemplo para todo o mundo, como um modelo de democracia plena, não apenas representativa, que respeita a real vontade popular, não fazendo meras consultas sobre nomes a cada período pré-estabelecido. Com a grande radicalização da campanha, os críticos de Chavez em todo o mundo, não cansavam de repetir que, caso a reforma fosse derrotada nas urnas, Chavez não aceitaria o resultado e usaria a força contra o povo e acabaria com as instituições. Entretanto, como apontavam os analistas mais atentos, os resultados, contrários a Chavez, foram prontamente aceitos pelo presidente venezuelano, em demonstração da plenitude da democracia venezuelana, a mais participativa a avançada da atualidade. Com o coração lhes digo, há várias horas tenho me debatido em um dilema. Já terminou o dilema e estou tranqüilo, espero que os venezuelanos também, disse Chavez em cadeia nacional de rádio e televisão ao anunciar os resultados do referendo. Agora os venezuelanos e venezuelanas devemos confiar em nossas instituições. Aqueles que votaram em minha proposta e aqueles que votaram contra a minha proposta, lhes agradeço e lhes felicito porque provaram que este é o caminho. Oxalá se esqueçam para sempre dos altos ao vazio, dos caminhos de violência, da desestabilização, acrescentou Chavez.
Chavez reafirmou seu pleno compromisso com as instituições e com a democracia venezuelana, afirmando que é preciso responsabilidade. Também chamou a oposição a administrar sua vitória com responsabilidade e maturidade, que não foi uma vitória larga, mas estreita. Chavez aproveitou seu pronunciamento para lembrar que aqueles que se abstiveram, ao contrário do que afirmavam alguns, não ajudaram à revolução, mas sim à vitória do Não. E disse que está pronto para uma longa batalha, que aprendeu nesse período a transformar derrotas em vitórias morais, que depois se transformam em vitórias políticas. Com tais declarações o presidente venezuelano ratificou o resultado e o seu compromisso com a democracia e as instituições venezuelanas. Foi também uma demonstração de respeito à decisão popular e à oposição. Acima de tudo, tais declarações de Chavez silenciam de uma vez por todas, todos aqueles que o acusam de autoritário de ditatorial, demonstrando a maturidade da democracia popular venezuelana.
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