Haiti, Qual é o momento?
Se até um militar, no comando de uma batalha, sabe a hora de recuar, por que o ministro político da pasta da Defesa vem a público dizer que não recua “de jeito nenhum”? Se até um militar, no comando de uma batalha, sabe que um recuo estratégico vale mais do que uma derrota desmoralizante, quem é o ministro político da pasta da Defesa para dizer que a saída da missão da ONU seria a “desmoralização” do país? Se esta não é a hora para questionar a missão, sejam lá quais forem as motivações por trás da morte do general Urano, é caso de perguntar ao ministro Alencar qual seria mesmo o momento oportuno para avaliar o que os 1.200 soldados brasileiros fazem no Haiti.
O envio do contingente militar brasileiro ao Haiti foi uma decisão politiqueira, e a permanência da tropa virou uma política pública criminosa sob vários aspectos. Para este governo nunca haverá um momento apropriado para discutir o assunto pela simples razão de que o envio da tropa nunca foi discutido. Os vários argumentos em favor da retirada imediata: as tropas brasileiras estão fazendo no Haiti um trabalho de policiamento que se recusam a executar aqui dentro. Continuo a defender que, no Brasil, não sejam mesmo policiais, mas, como militares treinados que são para a tarefa, que reconquistem para o Estado brasileiro o território urbano perdido para o crime organizado.
O governo brasileiro não tem nenhuma política externa estruturada para a missão dada às Forças Armadas no Haiti, apenas a transformou em um palanque diplomático chinfrim. Tal qual as viagens pitorescas a alguns países africanos e a oportunista cúpula dos países árabes com os da América do Sul. Ou a estagnação do Mercosul e a invenção da Comunidade Sul-americana de Nações (Casa).
É estarrecedor ver o segundo homem na hierarquia de comando da Defesa Nacional, depois do presidente da República, dizer que não pode recuar de “jeito nenhum”. De um homem público espera-se que ele faça o devido e não adote posições suicidas em nome de argumentos tolos. Fatos públicos concretos exigem medidas concretas de homens públicos adotadas com justificativas que tenham como base o que ele julgar melhor para o interesse público. Imaginem o que teria acontecido a este país se, em 1999, o governo FHC (1995-2002), depois da evidência de que o câmbio havia se transformado em uma âncora econômica populista, tivesse adotado a política do “não recuo de jeito nenhum” e não desvalorizasse a moeda!!
Reinaldo de Azevedo Do site Primeira Leitura
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