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René Queiroz

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quarta-feira, março 15, 2006

Um presente para o PT...

Os tucanos escolheram o candidato a “gerente do Brasil”. Assim o governador de São Paulo se auto-definiu, quando lançou seu nome como pré-candidato do PSDB à presidência da República.
Segundo ele, é disso que o Brasil precisaria – de um gerente. A partir dali começou a construir uma plataforma liberal ortodoxa, reunindo a velhos membros do governo FHC e outras figuras do mundo financeiro que, no auge da crise do governo Lula, passaram a se lambuzar com o mel da prometida retomada do Estado nas suas mãos. Velhas utopias mercantis foram entoadas, de uma nova reforma da previdência até a privatização do Banco do Brasil, da Petrobrás, da Eletrobrás, da Caixa Econômica e do que ainda esteja porventura nas mãos do Estado. Olhando para o modelo bushiano e o berlusconiano, acenaram com a bandeira neoliberal em estado puro.
Menos Estado, menos governo, menos impostos. “Custo PT” – passou a servir para criminalizar qualquer gasto social. Chalita promovido a educador – como modelito neoliberal de “intelectual” de auto-ajuda.
Mario Covas havia anunciado que o Brasil precisaria de um “choque de capitalismo”, nas eleições presidenciais de 1989. Antonio Ermírio acreditou que poderia levar adiante a idéia de que, se as empresas vão bem e o Estado vai mal, nada melhor que um governador empresário, para depurar o Estado dos seus déficits. Berlusconi foi o ícone máximo dessa estratégia de privatização do Estado por dentro.
Ao escolher a Alckmin, o PSDB abandona qualquer prurido planejador ou de regate de políticas sociais e aponta diretamente para a retomada da versão mais radical das privatizações do governo FHC. É uma escolha fácil no início, porque cativa o grande empresariado paulista, antes de tudo aos banqueiros. Mas leva uma bola de ferro amarrada nos pés, que não se resume a seu estilo sem qualquer carisma, mas se estende a um modelo que se choca frontalmente com as maiores preocupações dos brasileiros. Menos Estado significa menos políticas sociais, menos possibilidades de incentivo à criação de empregos e à distribuição de renda, menos autoridade que tenha políticas de segurança pública. Em suma, é uma candidatura com vôo muito curto.
Para o PT, o presente não poderia ser melhor: um candidato opositor com pouca projeção popular, que obriga a campanha lulista a se diferenciar pela esquerda – tudo o que o partido precisa, para propor o resgate do social no segundo mandato presidencial. Se a isso se soma a inexistência de um candidato peemedebista, pela manutenção da verticalização pela Justiça – Lula sai direto do inferno astral para o paraíso, sem passagem pelo purgatório.
Agradece a opção preferencial dos tucanos pelo gerente.
Emir Sader

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