Um Indio!
A Bolívia é conhecida por ser um país infeliz, desesperançado. É o único caso contemporâneo de uma nação que perdeu sua saída ao mar – na guerra do Pacífico, em 1879, para o Chile, detrás de quem estavam os interesses das empresas mineiras britânicas. Posteriormente, nos anos 30 do século passado, a Bolívia voltou a ser amputada de um pedaço do seu território – na guerra do Chaco, para o Paraguai, igualmente com interesses de corporações multinacionais, interessadas nas riquezas energéticas da região.
A Bolívia poderia ter recuperado sua esperança e sua auto-estima na revolução nacionalista de 1952, em que foi realizada a reforma agrária, foram nacionalizadas as minas, o exército chegou a ser substituído por milícias populares. Mas essa revolução foi logo desnaturada, recuperada, tornou-se mais um governo das elites (o que eles chamam de “rosca”).
Mais tarde, em 1967, o que poderia ter sido o resgate da Bolívia, terminou cedo com o assassinato do Che, deixando recair sobre o país – embora, na realidade sobre seus governos subservientes aos EUA – a mancha da morte do Che. Posteriormente, a Bolívia foi vítima do primeiro plano neoliberal no mundo, que liquidou a economia mineira e, com ela, um de suas mais importantes conquistas – a classe trabalhadora mineira e a Central Operária Boliviana (COB). Porém, o renascimento do movimento indígena boliviano foi o momento de resgate do país, com a expulsão da Bechel, a empresa que queria privatizar a água, em 2000. Dali para frente, o movimento popular boliviano só se fortaleceu, derrubou a dois presidentes que não concordaram com a nacionalização dos hidrocarburetos, a convocação de uma Assembléia Constituinte que refunde o Estado da Bolívia como um Estado multiétnico e multicultural.
E, finalmente, esse extraordinário movimento popular, sabendo combinar sublevações com marchas, com greves de fome, com campanhas eleitorais, elegeu, pela primeira vez, em mais de 400 anos, um indio, um dos seus como Presidente da República.
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