pensante

René Queiroz

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sexta-feira, dezembro 25, 2009

Lula, l'homme de l'année 2009



Pour la première fois dans son histoire, Le Monde a décidé de désigner la personnalité de l'année. "Sa" personnalité de l'année. L'exercice pourrait paraître hasardeux ou galvaudé. Qui distinguer ? Selon quels critères ? Au nom de quelles valeurs ? Comment se différencier de grands et prestigieux confrères étrangers, tel l'hebdomadaire américain Time, qui nous a depuis longtemps devancés sur ce chemin en élisant sa "person of the year" ?
Nos discussions ont ainsi mis en lumière ce qui nous rassemble sous la bannière du Monde. Puisque, depuis soixante-cinq ans, le titre de notre journal est une invitation au regard planétaire, nous avons choisi une personnalité dont l'action et la notoriété ont pris une dimension internationale. Soucieux de sortir des choix obligés qui auraient pu nous porter vers le président des Etats-Unis, Barack Obama (mais il fut davantage l'homme de 2008 que celui de 2009), nous avons aussi écarté les personnalités "négatives", encore que leur action soit déterminante dans la nouvelle configuration mondiale : Vladimir Poutine et sa tentation-tentative de reconstituer l'empire soviétique; Mahmoud Ahmadinejad, dont chaque parole et chaque acte sont un défi à l'Occident.
Depuis sa création, Le Monde, marqué par l'esprit d'analyse de son fondateur, Hubert Beuve-Méry, se veut un journal de (re)construction, sinon d'espoir; il véhicule à sa manière une part du positivisme d'Auguste Comte, prend fait et cause pour les hommes de bonne volonté. C'est pourquoi, pour cette première désignation, que nous souhaitons désormais renouveler chaque année, notre choix de raison et de cœur s'est porté sur le président brésilien Luiz Inacio Lula da Silva, plus connu sous le simple nom de Lula.Il nous a paru que par son parcours singulier d'ancien syndicaliste, par sa réussite à la tête d'un pays aussi complexe que le Brésil, par son souci du développement économique, de la lutte contre les inégalités et de la défense de l'environnement, Lula avait bien mérité… du monde.

Minhas Mulheres



Amor mais perfeito

não é feito do fácil.

Floresce por dentro,

embora se pretenda que cesse.

E quando nas águas da pressa

Foge o amor mais depressa,

é tempo de saber

Quanto dura

O tempo de não saber.


As Annamárias, Lindolf Bell

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Contra Serra, a arma que ele já usou contra Lula

















Na eleição presidencial de 2002, o candidato do PSDB José Serra usou a arma do medo para diminuir as chances de Lula ganhar.
Na época, a Argentina atravessava uma baita crise econômica e financeira. O real por aqui ía mal das pernas. O desemprego crescia.
Comerciais veiculados no rádio e na televisão pela campanha de Serra alertavam para o risco de o Brasil se transformar em uma nova Argentina se não fosse eleito um candidato comprometido com a continuidade.
No caso, a continuidade do governo de Fernando Henrique Cardoso, o pai do real.
Lula e Dilma começaram a usar a arma do medo para barrar uma eventual vitória de Serra na eleição do próximo ano.
Outro presidente eleito que não seja Dilma pode pôr a a perder os avanços registrados no período Lula.
O medo não funcionou contra Lula em 2002. A maioria dos brasileiros estava insatisfeita com o governo de Fernando Henrique e queria mudar.
O medo pode funcionar contra Serra em 2010. Porque dessa vez a maioria dos brasileiros está satisfeita com o governo.
Esse é um dos complicados desafios que a campanha de Serra enfrentará.
Para nada mudar ou mudar pouquinho, vote-se em Dilma.
Para mudar muito... E quem quer mudar muito?

A democracia pós-moderna

A democracia moderna se expressa na idéia de espaço público, cuja certidão de nascimento foi a polis grega. Inventora da política, esta significou o advento da isonomia (as mesmas regras válidas para todos os cidadãos), da isegoria (todos podendo tomar a palavra em público) e da democracia, porque todos igualmente legisladores. Findava então o poder privado, cujos modelos foram o pater familias, o comandante militar e o chefe religioso. Por isso, a democracia moderna se fundava em leis pan-inclusivas e universalizantes, baseadas no indivíduo considerado racional e livre. Suas instituições mediavam conflitos e acordos, como partidos, sindicatos, federações patronais, movimentos sociais e organizações de base, que produziam uma determinada representação de si constituindo, assim, sua identidade.
A democracia pós-moderna é "democracia sem democratas". Substituiu o sujeito da intimidade por uma identidade pessoal sem pessoa, baseada não em valores morais admiráveis e dignos de renome - como Sócrates que, por seu modo de vida filosófico, tornou-se o patrono da filosofia -, mas no modelo das celebridades, a que, na política, correspondem "conselheiros em comunicação". Se a democracia moderna valia-se do “decoro e do discreto”, estes indicavam o que deveria estar “ fora do campo de visão”— o obsceno, o “excluído da cena, o intolerável ao olhar ou ao pudor (assassinatos, grandes deformidades corporais, crueldades, pornografia, sentimentos pessoais, emoções, preferências religiosas ou sexuais). A democracia pós-moderna, ao contrário, promove a desinibição, triunfando a visibilidade total, uma vez que tudo merece ser visto, tanto o palco quanto os bastidores, o corpo, a consciência e o inconsciente. Da sala de estar ao quarto de dormir, tudo deve ser “democratizado” porque neles também há injustiça, poder e dominação, como na sociedade.
Desaparece a Lei moderna que postulava os homens responsáveis e iguais, de modo que a justiça pós-moderna os entende “particularizados” em grupos. Porque a pós-modernidade é a da sociedade de massa, do consumo e do espetáculo, a individualidade se faz segundo o que Freud denominou “narcisismo das pequenas diferenças” e René Girard de “rivalidade mimética”. Todos desejam as mesmas coisas porque um outro já as desejou antes de nós e é seu possuidor, devendo, como concorrente, ser destruído.
A justiça moderna investigava a “verdade” para estabelecer o dano e a reparação. A pós-moderna preocupa-se apenas com a formalidade das condições em que ela veio a público. Não que prescinda da lei, mas a cumpre no âmbito de insegurança jurídica, dando espaço a ilegalidades. De onde a objetividade do mundo ter-se convertido em negociações entre vítima e juiz, de que decorrem os pedidos de indenização material. Tudo se torna objeto de legislação: assédios, discriminações raciais, religiosas, de sexo, no espaço público, na esfera privada e da intimidade. Nos EUA, a legislação anti-tabagista ingressa no recinto da própria residência do fumante, que pode ser denunciado por familiares ou vizinhos descontentes.
A idéia de igualdade pós-moderna é a da proliferação de regulamentações, adaptadas ao consumo de direitos em uma sociedade que não é mais moderna - a do contrato social - mas pós-moderna - a da guerra de todos contra todos. A democracia pós-moderna associou política e dissimulação, resultando o prestígio da "sinceridade". Assim, se a política moderna se exercia na "distância" do governante no espaço público, a pós-moderna é a da intimidade midiática que exibe o "autêntico". O representante político é construído como "homem comum", com seus vícios e virtudes, para ser amado ou odiado. Aqui operam os mecanismos de massa que fazem do governante o “bode expiatório”, como mostram Michel Aglietta e André Orléan em "A Violência da Moeda".
A igualdade moderna supunha diferenças - sexuais, étnicas, raciais ou religiosas - a serem reconciliadas, a pós-moderna as estabelece positivadas. Nessa entidade sedentária, há o direito à diferença mas visando a igualdade de inclusão social no mercado onde sobrevive o mais “apto” a conquistar seus “ privilégios” (privus lex, private legus, sendo, justamente, “lei privada”, o “favor” no direito medieval europeu). O mercado requer dissolução da individualidade, compreendida como obstáculo ao consumo e ao mercado padronizador. De onde o fim da diferença - entre as gerações, entre os sexos, entre a linguagem oral e a escrita, entre os comportamentos formais e os informais.Todos cedem à palavra de ordem “flexibilidade”, a primeira e a última qualidade que o mercado exige de cada um.
Olgária Mattos é filósofa, professora titular da Universidade de São Paulo.

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