pensante

René Queiroz

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sexta-feira, maio 25, 2007

Ter amigos é um exercício de solidão.

O amor de si, segundo Rosseau, é necessário para a construção de uma boa amizade, existe sim a simpatia entre as pessoas, o que faz você simpatizar com aquilo de único que o outro tem por meio da mera intuição. Ou seja, é uma simpatia no sentido de pathos, o que uma pessoa é em seu perfil psicológico.
Uma amizade por vezes acontece do nada, basta um sentimento compartilhado, uma situação vivida em conjunto e a condição é a disponibilidade para a chegada do outro. O filósofo Heidegger define que o ser humano é ser-no-mundo, é ser em movimento, é o não ser ainda, é indeterminado e possivelmente em processo de realização. Esta realização somente é possível junto a outros seres humanos, o ser humano, para ser quem veio destinado a ser, precisa dos outros seres humanos, pois só se constitui com eles, é o ser-com. Então dessa forma, o homem não é um ser isolado ou sozinho, ele precisa do coletivo para ter plena constituição.
O nó da questão é ler Nietzsche refletindo sobre as crises dos valores humanos.
Portanto, fazer amigos passa a ser um grande exercício de solidão.

quinta-feira, maio 24, 2007

SER E O VIR A SER

A primeira categoria da lógica hegeliana é o ser, já que é a categoria mais imediata e universal. Não se pode esquecer que a metafísica começa com a proposição do grego Parmênides: O que é é, o que não é não é..
As implicações desta proposição são conhecidas: o que tem de ser uno( portanto sem partes), eterno (sem começo e sem fim) e imutável (sempre idêntico a si mesmo). Isso significa que o ser se define pela ausência de qualquer definição. Se o ser é alguma coisa, ele já é algo diferente dele mesmo. Do ser só se pode dizer: É.
Hegel dirá então: O ser é o nada. Pois o nada é justamente isto: a ausência de toda determinação.
Do nada não se pode dizer que ele é alguma coisa. Dele só se pode dizer: não é.
O ser acaba se identificando com seu oposto, e vice-versa, já que tanto o ser como o nada são categorias vazias, sem determinações concretas.
Para que ambas mantenham algum sentido, elas precisam se submeter a uma categoria superior, que possibilite diferenciar ser e nada. É a categoria do devir ou vir a ser e em seguida de ser-ai (Dassein), por meio das quais o ser pode não-ser, e o não-ser pode ser...

sábado, maio 05, 2007

um poema de Yevtushenko...

“O povo foi domado aos poucos,
E tudo foi lacrado.
Ensinado a gritar quando deveria estar silente,
Quieto ficou quando deveria esbravejar”.
(Poema “Medo” de Yevtushenko)

quarta-feira, maio 02, 2007

Hegel e Marx....

Escreve-se frequentemente: “Hegel defendia a transformação apenas ao nível do Pensamento , enquanto Marx …” Isso não é rigoroso. A verdade é que, para Hegel, o motor da transformação é a Razão num processo dialéctico que caminha para a Ideia Absoluta, em que se realiza a plena identidade do sujeito com o objecto. Em vez de o sujeito ter o objecto como algo fora de si, exterior a si, alheio a si, agora, reconhece o objecto como idêntico consigo mesmo. A Ideia Absoluta é, pois, a verdade absoluta, e a necessidade de a atingir, o motor da história. Eu diria que a Ideia Absoluta é uma verdade absoluta que a história persegue sem nunca a atingir
Aliás, só se pode compreender a dialéctica hegeliana em ligação com a revolução e a destruição do mundo feudal, e isso não se passou no “Pensamento”. O seu papel foi traduzir filosoficamente o movimento revolucionário da época. Ela é revolucionária também quanto à forma:a) Separação dos dados imediatos, ruptura radical com o que existe, novo começo.b) Princípio da oposição e da negação.c) Princípio da mudança e do desenvolvimento incessantes - o “salto qualitativo”.
Toda a ideia tem três momentos: primeiro apresenta-se (a tese); opõe-se a si mesma (a antítese); e, finalmente, regressa a si mesma conciliando tese e antítese (a síntese).
Portanto, em ambos, Hegel e Marx, a transformação ocorre na prática. A diferença é que motor dessa transformação é, em Hegel a Ideia, a Razão, e em Marx são as forças produtivas e as relações de produção, i.e., a forma como o Homem e as forças produtivas se relacionam entre si no processo produtivo.
Para Hegel, sendo a História um aperfeiçoamento do Espírito, é necessariamente um crescimento de liberdade. Os factos da História comprovam isto. Nas primeiras civilizações, apenas um era livre (o Faraó, por exemplo) e os demais, escravos. Depois, vieram civilizações como a grega, a romana, em que alguns eram livres (as oligarquias privilegiadas, as aristocracias) e os demais, escravos. Finalmente chegaremos a um estado na História em que ninguém será escravo e todo serão realmente livres.
Todavia para Hegel, ao contrário de Marx, é a Razão quem dirige a História. Existe uma "astúcia da Razão", que utiliza os homens da História universal, imbuídos que são, regra geral, da sede do poder, da glória, da ambição, para através destes objectivos “egoístas” trazerem para a humanidade uma liberdade maior, um estado superior de civilização.
Em Marx, e cito o prefácio à “Zur Kritik der Politischen Ökonomie”: “Na produção social da sua existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a um grau de desenvolvimento determinado das suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura económica da sociedade, a base concreta sobre a qual se alicerça uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas de consciência social determinadas. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é, inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência”.
Sobre o que se designou depois por Materialismo Histórico, Marx pouco mais adiantou. Todavia, entre os seus epígonos, os conceitos de «relações de produção» e de «forças produtivas» são, com muita frequência, utilizados sem que necessariamente se saiba aquilo de que se abstraiu na formação de tais conceitos. Quando os epígonos de Marx falam das relações recíprocas entre «relações de produção» e «forças produtivas», geralmente menosprezam o número infinito de fenómenos concretos, de homens, de coisas e de acções pelos quais essas relações, expressas de maneira abstracta, surgem concretamente na realidade.
Engels teria consciência disso, pois numa carta a Borgius, em 1894, frisou que, e eu cito isto frequentemente, por julgar que se trata de um passo importante de um dos fundadores do marxismo, “o desenvolvimento político, jurídico, filosófico, religioso, literário, artístico, etc., assenta no desenvolvimento económico. Mas reagem todos, uns sobre os outros, e sobre a base económica. Mas isto não porque a situação económica seja a única causa activa, e tudo o resto não passe de acção passiva. Pelo contrário, há uma acção recíproca”.
Isto é, Marx, na sua luta contra o idealismo hegeliano, levou a que os seus epígonos transformassem a teoria numa simplificação mecânica e unilateral do desenvolvimento histórico na medida em que só destacam as grandes transformações qualitativas do sistema social mas não tem em devida conta os processos complexos e prolongados que as preparam, nomeadamente o desenvolvimento concreto dos interesses e da estrutura social, subestimando a liberdade da acção individual e ignorando as motivações da ação subjectiva.
Em Hegel havia idealismo, mas havia dialéctica; no Marxismo soviético o idealismo foi substituído pelo mecanicismo e a dialéctica por um escolasticismo axiomático.
É essa a razão de “os regime marxistas terem falhado miseravelmente” ... de Marx só tinham os chavões.

Qual CUT???

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) acredita que hoje, mesmo com vários setores do governo saídos do sindicalismo, o trabalho está mais frágil para resistir ao avanço contra direitos históricos, do que na gestão do ex-presidente Fernando Henrique. O motivo seria a diversidade ideológica de partidos aliados do presidente Lula e a unidade dos principais partidos de oposição, PSDB e PFL, em torno do interesse empresarial. “O momento é pior, é mais grave do que quando tentaram mexer no artigo 618 da CLT”, diz o secretário-geral da CUT, Quintino Severo.
Em 2001, o governo FHC mandou ao Congresso projeto que fazia uma reforma trabalhista ao gosto patronal, ao mudar o artigo 618 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A proposta dizia que um acordo entre empresários e empregados valeria mais do que direitos garantidos em lei.
O projeto chegou a ser aprovado na Câmara, apesar da pressão das centrais sindicais, mas empacou no Senado. Era de autoria do então ministro do Trabalho, Francisco Dornelles. Hoje, Dornelles é senador e integra a base de sustentação do governo Lula, num exemplo ilustrativo da diversidade ideológica do campo governista apontada pela CUT como um problema para os trabalhadores. “A direita está aproveitando para explorar essa coalizão. Tudo o que conseguir, será lucro”, afirma Severo.
Quem participa da coalizão, mas pela esquerda, tem diagnóstico parecido sobre a ameaça que a pluralidade representa para os trabalhadores. “Este é um governo do PT, dos aliados, mas é um governo em disputa. Ainda há vozes que advogam o neoliberalismo”, afirma o deputado federal Geraldo Magela (PT-DF).
Para Severo, será inevitável que o governo faça algum tipo de concessão ao empresariado porque a chamada emenda 3 foi longe demais – aprovada com folga no Congresso, pode agora ser restabelecida pelos parlamentares, apesar do veto do presidente Lula.
Aliás, a “emenda 3” ganhou vida no ano passado pelas mãos de um parlamentar que apoiava o governo, o então líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), em mais um exemplo da captura do governo por uma base heterogênea. Além disso, a emenda foi aprovada com a ajuda de grande parte de parlamentares governistas.

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