pensante

René Queiroz

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quarta-feira, julho 25, 2007

Tua Boca,

Itamar Assumpção, sempre vivo em mim, decretou, e eu assino embaixo...

A tua boca me dá água na boca
Ai que vontade de grudar
uma na outra
E sugar bem devagar
gota por gota
Veia-flor
beijando a flor ou borboleta

A tua boca
me dá água na boca
Ai que vontade
de rasgar a nossa roupa
Vamos pra qualquer lugar
praquela gruta
Pra qualquer quarto de hotel
praquela moita

A tua boca
me dá água na boca
Ai que vontade de gritar
-é uma bomba
Acho que vai rebentar
desgraça pouca
Azar
eu vou me matar na sua boca.

"Deus te Preteje!".

Valeu Gigante Negão.

terça-feira, julho 24, 2007

Leminski...

Amor, então, também acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma numa matéria-prima
que a vida se encarrega de transformar em raiva.
Ou em rima.

sábado, julho 14, 2007

O político, o leão e raposa

"Há dois métodos de luta. Um é pela lei, e o outro pela força. O primeiro é próprio dos homens. O segundo, dos animais. Entretanto, como o primeiro método é muitas vezes insuficiente, deve-se aprender a usar o segundo. Um príncipe, então, sendo obrigado a saber lutar como um animal, deve imitar a raposa e o leão, pois o leão não sabe proteger-se das armadilhas, e a raposa não consegue defender-se dos lobos. O príncipe, portanto, deve ser uma raposa para reconhecer as armadilhas e um leão para assustar os lobos." - Maquiavel, em O Príncipe.


Na citação que abre esse texto, Maquiavel aconselha o Príncipe a possuir a astúcia da raposa e a força do leão, porque, como ele mesmo alerta, a força da lei, não sendo suficiente, o governante deverá recorrer à força para sobreviver.
Dois são os principais perigos a que está sujeito um político: as armadilhas e o ataque. Para as primeiras ele deve ter a astúcia da raposa, e para os segundos a força do leão.
Astúcia e força não são qualidades fáceis de conviver numa mesma personalidade.
O entendimento comum é que o fraco, por ser fraco, recorre à astúcia para sobreviver. Inversamente, o forte tende a ser percebido como bruto, simplório e pouco inteligente.
Para Maquiavel, o líder deve aspirar combinar em si estas duas características.
E Maquiavel não errou. Se observarmos as biografias dos grandes líderes notaremos que eles triunfaram quando logravam combiná-las e caíam quando descuidavam de uma ou outra.
Num contexto democrático, a advertência de Maquiavel não perde sua validade. O jogo político parlamentar, ou no interior de um governo, ou de um partido, é sobretudo um jogo de astúcia.
Já o jogo político eleitoral, é, fundamentalmente, um jogo de força.
Mas haverá momentos em que o político hábil terá que fazer pesar a sua força política dentro do governo a que pertence, ou do partido ou parlamento que integra, e inversamente usar da astúcia na relação com seus adversários na disputa eleitoral.
A leitura "não literal" de Maquiavel compatibiliza-o com o jogo político democrático.
Força, com seus conceitos correlatos (crueldade, armas, violência, fazer o mal, etc) de uso permanente na análise política de Maquiavel, é o conceito que menos se harmoniza com a política numa democracia.
Entretanto, se "traduzirmos" força por força política, isto é, o uso legítimo do poder, da influência, da popularidade, do prestígio, das relações, da organização, da pressão, em resumo, de todos os recursos políticos que um líder possui a seu alcance, grande parte das lições de Maquiavel harmonizam-se com a prática da democracia.
É neste sentido então que a "força do leão" deve ser entendida no nosso contexto.
Já a astúcia da raposa dispensa "tradução".

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