pensante

René Queiroz

Minha foto
Nome:
Local: Sampa, Brazil

marcado

domingo, fevereiro 27, 2005

Temos que sair imediatamente do Haiti, Posted by Hello

sábado, fevereiro 26, 2005

Línguas desatadas

Elogie-se no presidente Lula sua sinceridade; critique-se os descuidos verbais. Entenda Lula que, na Presidência da República, deve acautelar-se contra o verbo solto. Dizia Richelieu que nada é mais necessário a um príncipe do que segurar a sua língua. Príncipe não é só o soberano ou o herdeiro do trono nas monarquias; é também o primeiro, o princeps, nos sistemas republicanos.
Podemos entender que, ao assumir o governo, e a fim de evitar uma crise política sem precedentes, Lula não tenha querido promover caça às bruxas. Sempre dissemos que dificilmente o Brasil suportará o exame de seu passado recente, sem que a justa indignação do povo se desate em fúria. Mas já é tempo de dar à sociedade brasileira todas as informações sobre o passado, quando mais não seja, para impedir que ele se repita. No Brasil os crimes são pagos pelos inocentes: os grandes roubam, o Estado deixa de cumprir os seus deveres, a miséria leva os pobres ao desespero e, muitas vezes, à violência.
Lula cometeu um deslize político, ao afirmar que sabia da corrupção em certa instituição estatal – tudo indica que se trate do BNDES – mas preferiu guardar silêncio. Isso, dentro da letra fria da lei, significa acobertar um crime. Quando o crime é cometido por uma autoridade pública, e quem o acoberta é um chefe de governo ou de Estado, configura-se crime de responsabilidade. Sendo assim, qualquer cidadão e, mais ainda, qualquer parlamentar, pode dirigir-se ao Congresso e ao STF, e pedir o impeachment do responsável. Mas será exatamente isso o que querem os próceres do PSDB?
Eles sabem que o processo de privatização das empresas estatais não resiste a um exame ético rigoroso. Lembre-se que um ministro de Estado da época confessou ao Senado que se tratava de alguma coisa nova, que não podia seguir os ritos tradicionais do Estado. Em suma, o Sr. Mendonça de Barros (basta consultar os anais do Senado) disse que as normas tradicionais de conduta do Estado estavam peremptas pelas exigências da globalização da economia. Recorde-se ainda que um dos diretores do BNDES disse que se armavam consórcios borocochôs, para iludir os iludíveis, enquanto outros davam a rasteira necessária. Voltemos a uma famosa conversa telefônica, gravada, em que um dos interlocutores era exatamente o Sr. Fernando Henrique Cardoso, na qual sua excelência dava sua aprovação a certa manobra, que favorecia o pretendente a um naco das telecomunicações.
Os franceses dizem que para alguma coisa serve a desgraça. Não se tratará exatamente de uma desgraça, mas de grande comoção política uma CPI que se forme para investigar o governo passado. Lula poderá ser punido, por ter deixado de investigar as possíveis - e evidentes para a opinião pública nacional - falcatruas na privatização dos bens públicos. Isso está dentro das regras do jogo. Mas, no processo de discussão parlamentar, é provável (e desejável) que se abra a caixa de Pandora. No caso, tendo em conta o vocábulo grego “bursa” e seu sinônimo clássico empregado na versão lusitana do mito de Pandora, que se rompa o tampo da ‘bolsinha’ da deusa.
Assim saberemos se realmente nos roubaram e a quanto atinge esse roubo. Os parlamentares tucanos talvez tenham caído no mesmo laço de língua em que caiu o presidente – e com conseqüências muito mais graves. Afinal, uma coisa é deixar de denunciar um crime. Outra é praticá-lo e usar todos os recursos – entre eles o da compra de parlamentares – a fim de manter o criminoso impune.
O risco que corre o pau, corre o machado.
MAURO SANTAYANA

domingo, fevereiro 20, 2005

DOR RECENTE, MEU BRASIL... Posted by Hello

sábado, fevereiro 19, 2005

CÂMARA DE ECOS

Crescí sob um teto sossegado,
meu sonho era um pequenino sonho meu.
Na ciência dos cuidados fui treinado.
Agora, entre meu ser e o ser alheio,

a linha de fronteira se rompeu.

Waly Salomão

domingo, fevereiro 13, 2005

Vou Voar mais este ano.... Posted by Hello

sábado, fevereiro 12, 2005

razão

«A razão, sendo fria e inerte, não constitui qualquer motivo para agir, e só dirige o impulso do apetite ou inclinação revelando-nos os meios de alcançar a felicidade ou de evitar a miséria; o gosto, como proporciona prazer ou dor, e assim constitui felicidade ou miséria, torna-se um motivo para agir e é a primeira fonte ou impulso do desejo e da volição. Partindo de circunstâncias e relações conhecidas ou supostas, a primeira conduz à descoberta do oculto ou desconhecido; depois de todas as circunstâncias e relações estarem diante de nós, o segundo, partindo do todo, faz-nos experimentar um novo sentimento de censura ou aprovação.»
David Hume

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

E agora, PT?

O PT que se fundou há 25 anos, logo depois das greves memoráveis do ABC, não existe mais. Mas o que mudou: o próprio partido, os seus líderes ou os seus militantes?
Era lugar comum, durante o Segundo Reinado, dizer que só os liberais conseguiam realizar, no governo, as reformas conservadoras, e só os conservadores, as reformas liberais. Sempre que isso ocorria, conservadores e liberais sofriam o desfalque de suas fileiras, com a saída dos descontentes. O governo Lula está mantendo o projeto neoliberal (leia-se, ultraconservador) do Sr. Fernando Henrique Cardoso, o que explica a saída de petistas históricos, que se identificam como fiéis ao ideário do partido. Enfim, há, segundo os descontentes, clara contradição entre o partido e o governo.
Quando a esquerda chega ao governo, descobre que o Estado é a mais forte das instituições sociais, mas não é a única. Há outros poderes – os chamados “poderes de fato”, e de direita – que se contrapõem e atuam, em nome da liberdade de mercado, a fim de defender os interesses conservadores. A literatura registra esses dilemas dos velhos socialistas. Um dos melhores livros de A. J. Cronin, traduzido por Rubem Braga com o título de “Sob a luz das estrelas”, narra a história de um líder dos mineiros do País de Gales, que chega à Câmara dos Comuns, adapta-se às circunstâncias, ocupa posições importantes e, mais tarde, perde a confiança de seus eleitores. O romance começa com a mãe do jovem líder preparando a sua marmita pela manhã, para que ele a levasse ao fundo da mina, e termina com a mesma cena, muitos anos depois, quando ele retorna às suas origens.
Em “A Curva na Estrada”, o grande escritor português Ferreira de Castro cuida do tema, ao narrar a maltratada consciência de um líder socialista que se torna conservador, a fim de manter-se no poder. Aqui mesmo temos, entre outros fortes exemplos, o do jovem militante comunista Carlos Lacerda, filho do grande tribuno Maurício de Lacerda, e, a partir dos 30 anos, um dos mais ferrenhos adversários não só da esquerda, mas também dos trabalhistas e pessedistas brasileiros. O grande show-man Silveira Sampaio afirmava, com humor irônico, que Lacerda continuava comunista, e que só se tornara reacionário a fim de aguçar as contradições e, assim, favorecer a revolução.
Na verdade, a História nos mostra que só há dois partidos políticos: o conservador e o liberal, com suas nuances. É necessário restituir às palavras o seu sentido: a da ideologia do liberalismo nada tem a ver com o liberalismo econômico, e muito menos com o chamado neoliberalismo. Mesmo quando não institucionalizados, como ocorria na República Romana, os dois partidos já existiam: eram os “populares”, ou democratas, e os “optimates”, ou aristocratas. Embora o grande exemplo dos democratas fosse o plebeu Caio Mário, houve aristocratas famosos, como Catilina, que estavam ao lado do povo, e plebeus conhecidos, como Cícero, que se associaram aos aristocratas.
Os partidos políticos modernos nasceram na Inglaterra, com a Revolução Gloriosa, de 1688. No início, eram apenas dois grupos, o dos whigs, que se identificavam na esquerda, e que impuseram os direitos do Parlamento sobre a coroa, e os tories, que defendiam a Coroa e a aristocracia. Somente em 1830 os dois grupos passaram a ser identificados como liberais e conservadores. Os partidos são “parlamentares”, ou seja, existem no plenário da Câmara dos Comuns e, evidentemente, formam, quando maioria, o poder executivo.
O surgimento do Partido Trabalhista (Labour Party), como expressão da esquerda liberal, em 1906, foi conseqüência das grandes desigualdades sociais provocadas pela industrialização acelerada na segunda metade do século 19. Os trabalhadores sentiram a necessidade de ter uma representação parlamentar própria, e a Sociedade Fabiana, de socialistas utópicos, deu-lhes o suporte financeiro para a disputa eleitoral daquele ano. Ponderável bancada foi eleita e forçou os liberais, com os quais naturalmente se coligaram, a adotar várias reformas sociais. Mas só em 1945, com a chegada dos trabalhistas ao poder, com Atlee, foram realizadas grandes mudanças, com a nacionalização da indústria do aço, das estradas de ferro, do Banco da Inglaterra e de outras grandes empresas, e a criação de eficiente Serviço Nacional de Saúde para o atendimento universal da população.
Vários governos conservadores, que se seguiram, alternando-se com os trabalhistas, esvaziaram muitas reformas, e coube a Margareth Thatcher liquidá-las finalmente, nos anos 80. Esperava-se que a retomada do poder pelos trabalhistas, com Tony Blair, trouxesse uma retificação de rumos, mas não foi o que ocorreu. Blair não só manteve a mesma política neoliberal de Thatcher, como a aprofundou. Hoje, a Inglaterra tem a aparência de um país de terceiro mundo, com as ferrovias caindo aos pedaços, os serviços de saúde sucateados, o desemprego se agravando e os pedintes ocupando as ruas centrais de Londres e outras grandes cidades, além de famílias inteiras percorrendo o país no interior de ônibus velhos, que lhes servem de moradia. Chegou-se ao cúmulo de que os serviços de energia elétrica sejam fornecidos aos pobres por meio de contadores caça-níqueis: quem quiser meia hora de luz que coloque ali antecipadamente os seus pence.
No caso do PT há uma circunstância curiosa: a classe média, assolada pela violência provocada pela desigualdade social, aceitou o programa do PT, a fim de construir uma sociedade mais justa e mais segura. Hoje a classe média está, pouco a pouco, se desiludindo.
O PT ficará menor, com a saída dos idealistas, ou se tornará maior, como se tornou a Arena? Irá aproximar-se mais ainda dos tucanos, dos peefelistas ou dos peemedebistas? Conseguirá a reeleição de Lula, ou perderá a Presidência, daqui a quatro anos?
Tudo isso vai depender de muitas coisas, mas o PT que se fundou, há vinte e cinco anos, logo depois das greves memoráveis do ABC, não existe mais. Enfim, mudou o PT, mudaram os seus líderes, ou mudaram os militantes?

Mauro Santayana

domingo, fevereiro 06, 2005

linda Posted by Hello

laboratório para uma análise mais profunda

O Big Bosta Brasil é, ou não é um jogo? Até que ponto os participantes estão dispostos a abrir mão de príncipios, opiniões, preferências e laços externos para colocar as mãos em um milhão de reais? A peneira seletiva que escolhe os candidatos se mostra muito eficiente em trazer à casa pessoas com disposições distintas: o primeiro time faz de tudo para sobreviver aos paredões, desde intrigas e confabulações, até mentiras deslavadas que são confrontadas nas transmissões globais; enquanto o segundo grupo é formado por aqueles que, aparentemente, tentam preservar uma conduta compatível com seus valores familiares, devido ao temor de uma exposição para com o público, mas que quando percebem algum perigo à sua permanência na casa passam a agir de forma semelhante aos “jogadores”. O intuito do BBB é esse: transpor qualquer tipo de barreira individual, levando a pessoa sempre ao limite do que pode ser considerado certo ou errado.
A quinta edição do BBB está servindo de laboratório para uma análise mais profunda da relação entre os indivíduos e as atividades que exercem. Para nós, um consultor de informática, uma cabeleleira, um engenheiro, um jogador de futebol, um professor universitário, dentre outros profissionais, podem ter lá seus percalços e, com certeza, serão julgados pelos telespectadores. Entretanto, um médico jamais pode cometer tais erros, sob a pena de ser execrado em praça pública. E o curioso: o principal jogador do BBB 5, aquele que arma, confabula e mente regularmente, é um cirurgião geral. O doutor se considera uma pessoa “cabeça quente”, que briga em quase todos os lugares que frequenta. Enfim, o perfil que todo brasileiro espera que o seu médico não possua. Algumas manifestações públicas, inclusive, já foram feitas através das lentes da Globo, e os entrevistados mostraram-se chocados com o participante do interior de São Paulo.
Realidade brasileira: os cursos de medicina, sempre um dos mais concorridos do País, são frequentados em sua grande maioria por estudantes oriundos de escolas particulares, ou seja, pela elite brasileira, e nas instituições de nível superior ingressam apenas os que podem pagar mensalidades estratosféricas. Portanto, os nossos profissionais são, em teoria, pessoas abastadas, que tiveram facilidades em sua formação educacional e cultural. Isso costuma trazer certo preconceito das camadas menos favorecidas da sociedade, que vêem a classe médica como um grupo de “mimados” sem sensibilidade social. Antes de ser médico, o profissional da área de saúde, pela importância de sua atribuição, tem que ser um amigo e conselheiro. Tanto que costumamos nos referir a eles como “ meu médico; seu médico ”. Em muitos casos a relação não se limita apenas aos consultórios...
E aparece no BBB um doutor com fama de brigão e mentiroso, que declarou ser capaz de qualquer coisa pelo prêmio de um milhão de reais... Até que ponto a ambição do médico Rogério interfere em sua conduta como um profissional?
Artigo assinado por Artur Salles Lisboa de Oliveira
http://raciociniocritico.com/index.php

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Criminosos...

Em uma série de informes elaborados pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) e que permanecem em segredo, o organismo reconhece abertamente que errou ao afirmar que o Iraque tinha armas de destruição em massa antes da intervenção militar norte-americana de março de 2003.Um desses informes tem como título: "Iraque: não houve esforços para fabricar armas químicas em grande escala desde o começo do decênio de 1990".A principal justificação para a invasão do Iraque foi a denunciada existência de armas químicas e biológicas. Na época, Bush apontou o Iraque como membro do "eixo do mal" junto com o Irã e a Coréia do Norte.Na verdade, a invasão do Iraque começou a ser planejada semanas depois da primeira eleição de Bush. Ele e o primeiro-ministro inglês Tony Blair mentiram descadaramente ao mundo. Nada lhes aconteceu - nem acontecerá.Deveriam responder diante de um Tribunal Internacional por crimes contra a humanidade.Ou os iraquianos não são parte da humanidade?



terça-feira, fevereiro 01, 2005

A cultura e as diferenças

Cultura não é apenas a produção de livros, de peças de teatro, de quadros. Cultura é a forma em que cada coletividade se define através dos símbolos que cria, que são os símbolos de comunicação que provêm da forma que cada povo tem de dançar, comer, jogar futebol, de sonhar, de sentir, de falar, de calar. Felizmente somos todos diferentes, por isso a solidariedade está baseada no respeito pela diferença do outro. É a única forma de igualdade que é parecida com o que queremos que o mundo seja, a igualdade baseada no respeito pela diferença, que é o melhor que o mundo tem.

Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.