pensante

René Queiroz

Minha foto
Nome:
Local: Sampa, Brazil

marcado

terça-feira, agosto 28, 2007

Todos desancam o sociólogo (sociólogo?)

Mino Carta desanca o Alberto Carlos Almeida, autor da audaciosa obra A Cabeça do Brasileiro.

A Cabeça do Brasileiro é um perfeito epitáfio de uma elite feroz, ignorante, inepta, vulgar, arrogante, prepotente, incompetente. Responsável pelo desastre que vivemos, a se considerar as incríveis potencialidades do Brasil, talvez únicas, atiradas ao lixo, por ela mesma, a elite. Sentaram-se sobre um tesouro e só cuidaram depredá-lo. E nem conseguem interpretar a contento o papel da aristocracia. Atentem. A cada quadra de nossa história, uma nova leva de senhores substitui a velha, sem mudar-lhe as características. Falta continuidade, como se deu séculos afora, com as famílias nobres da Europa, porque nem mesmo seu serviço sabem executar. Pois é, diria Maquiavel, falta-lhe a implacável competência do Príncipe.
Eis o texto do Mino,

O Príncipe


Desta vez entrevistei Maquiavel. Nicoló Machiavelli. Mora em Monteriggioni, arredores de Siena, em uma casa de pedra. Liguei, ele próprio atendeu, é pessoa finíssima, cavalheiro suave sem descurar da ironia, administrada com doçura. Não é possível? Ele consegue. Queria a opinião do autor do Príncipe sobre o livro de um senhor que se diz sociólogo, Alberto Carlos Almeida, intitulado A Cabeça do Brasileiro, citado largamente pela mídia nativa e apreciado pelos privilegiados. Segundo a obra, que resulta de uma pesquisa, a elite brasileira é “o farol da modernidade” enquanto a plebe rude e ignara é o lado negro do País. “Sei, sei”, disse Maquiavel, “não se fala em outra coisa em Florença”. Não escondi certa surpresa. “É isso mesmo”, insistiu meu entrevistado, “porque cria um contraste muito interessante em relação ao Príncipe e prova que o povo brasileiro entra neste enredo como um campo fértil, semeado à larga com a vocação do poder”. “Como assim?” “A se considerar os resultados da pesquisa, verifica-se, sem sombra de dúvida, que os cidadãos de baixa extração social, sobretudo negros e pardos, reúnem as qualidades do líder, do verdadeiro príncipe, conforme o descrevo em minha obra”. E a elite? “Não, a elite é, deste ponto de vista, um desastre. Muito insegura, cordata, amarrada a injunções éticas que o chefe não pode permitir-se. Repare como respondem à pergunta ‘se alguém é eleito para um cargo público, deve usá-lo em benefício próprio?’ Quarenta por cento dos analfabetos respondem sim e somente 3% de nível superior”. “Mas o príncipe impõe e conserva seu poder sem perder vista o bem geral”. “Você não entendeu direito, o príncipe vale-se do poder para sujeitar o povo às suas vontades. Olha, a pesquisa deste senhor Almeida estarrece os sábios de todo o mundo, mostra que o Brasil é, ao seu modo, um país único, a terra prometida dos gênios da política”. Desliguei, entre atônito e perplexo...

terça-feira, agosto 14, 2007

Banda, orquestra e fanfarra

Na próxima encarnação,
meus amigos.
Não quero saber de barra.
Replay de formiga não,
Eu quero nascer cigarra.
Nascer Tom Zé, Jamelão
Quem sabe Gigante Negão.
Cantar, Violeta Parra,
Zé Kéti, Duke Ellington,
todos eles,
Com banda, orquestra e fanfarra...

sábado, agosto 11, 2007

PROCURO A PALAVRA PALAVRA

Não é a palavra fácil
Que procuro.
Nem a difícil sentença,
Aquela da morte,
A da fértil e definitiva solitude.
A que antecede este caminho sempre de repente.
Onde me esgueiro, me soletro,
Em fantasias de pássaros, homem,de serpente.

Procuro a palavra fóssil.
A palavra antes da palavra.

Procuro a palavra palavra.
Esta que me antecede
E se antecede na aurora
E na origem do homem.

Procuro desenhos
Dentro da palavra.
Sonoros desenhos, tácteis,
Cheiros, desencantos e sombras.
Esquecidos traços. Laços.
Escritos, encantos reescritos.
Na área dos atritos.
Dos detritos.
Em ritos ardidos da carne
E ritmo do verbo.
Em becos metafísicos sem saída.

Sinais, vendavais, silêncios.
Na palavra enigmam restos, rastos de animais,
Minerais da insensatez.
Distâncias, circunstâncias, soluços,
Desterro.

Palavra são seda, aço.
Cinza onde faço poemas, me refaço.

Uso o raciocínio.
Procuro na razão.

Mas o que se revela arcaico, pungente,
Eterno e para sempre vivo,
Vem do buril do coração.

Lindolf Bell

sábado, agosto 04, 2007

Kierkegaard e Eles...

Para a maioria das pessoas, existencialismo começa e termina em Sartre. Mas não. Kierkegaard é quem começou tudo e ele é dono de um chavão que muitos já devem ter dito como se fossem suas em todas as variações possíveis: “Somente pode-se entender a vida para trás, mas ela deve ser vivida para a frente”.

Kierkegaard elaborou uma classificação daquele que ele dizia ser os 3 estágios da vida do homem. Que são eles:

Estágio estético; Vive o momento e visa sempre o prazer. Bom é aquilo que é belo, simpático ou agradável. É a fase que se resume na frase: “prefiro viver 30 minutos de maravilha do que uma vida inteira de nada especial”. Quantidade se sobrepõe� Qualidade que é um conceito puramente estético. É viver totalmente nas aparências.

Estágio ético; Marcado pela seriedade e por decisões consistentes tomadas seguindo padrões morais. É quando você percebe que chegou a hora de se acomodar. Pensa antes de fazer qualquer coisa pois pondera sobre como isso afetaria as pessoas a sua volta.
Aprendeu a lição de Eclesiastes de que há um tempo para tudo na vida. De que tudo é vaidade, uma luta eterna contra o vento.

Estágio religioso; O homem se une a deus. É quando cessa a atividade cerebral. Brincadeiras a parte, a “união com Deus” é tema recorrente na mitologia e ficção. Temos desde os heróis gregos buscando imortalidade, Buda se iluminado na figueira, Jesus subindo aos céus ou Neo se unindo ao arquiteto. É uma metáfora para dizer que ultrapassou todas as barreiras do mundo material. É tão raros nos dias de hoje quanto programas humorísticos engraçados...

Acho que estou em um estágio intermediário dos dois primeiros. Enquanto pondero muito sobre minhas decisões, ainda me encanto e me fascino com o barulho que o mundo faz e todas aquelas luzes brilhantes que te prometem um mundo de intermináveis alegrias. Um fascinado por tecnologia, tenha a idade que ele tenha, nada mais é do que um atolado no estágio estético.

Para Kierkegaard você iria caminhar por estes estágios ao longo de sua vida e claramente havera um juízo de valores, o estético era o mais “baixo” até atingir o ápice que seria o religioso. Não vejo assim. Me baseando na filosofia utilitarista digo que se você é feliz do jeito que está não tem por que mudar ou tentar ser diferente, ou não�...

Pois sim.

Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.