pensante

René Queiroz

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Local: Sampa, Brazil

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terça-feira, abril 26, 2005

Ode às Anas

Um dia desses alquem me disse que existem muitas Anas por aí. Depois desta afirmação, lembrei-me que várias Anas passaram por minha vida e sempre de maneira muito importante.
Constatei que as Anas têm suas particularidades, mas também características comuns, que fazem desse nome, de duas letras e uma sílaba, especial. As Anas têm uma característica formidável, que é de a de não renegar seu nome - coisa que as marias fazem quase sempre, escondendo a Maria e tornando-se apenas Carolina, Paula, Antônia. As Anas não. Sejam Ana Isabel, Ana Paula, Ana Carolina ou até Ana Maria, sempre fazem questão de dizer que seu primeiro nome é Ana.
Se o mestre diz que se chamar Raimundo seria rima, não solução, chamar-se Ana é ter a rima mais fácil do mundo, contudo uma das mais difíceis definições. Negras, brancas, ruivas ou até mesmo russas (vide Ana Kournikova), elas são simpáticas, doces, decididas, apaixonadas pela vida e pelo trabalho e não têm medo de amar. Caso não tivesse conhecido nenhuma Ana, minha vida estaria incompleta, em descompasso. Amei Anas, admirei Anas, conheci Anas tristes, Anas ingênuas, Anas felizes, Anas rebeldes, Anas que não eram Ana, Anas que eram tudo e até Anas imaginárias. Sem elas o mundo pararia, talvez seria das marias, das terezas, das elietes, quem sabe.
Salve Ana, e todo o bem que ela nos faz.
De trás pra frente, de frente pra trás
É isso...
Minha filha caçula se chama Anna.
Anna-Flora
Anna.

terça-feira, abril 19, 2005

Ratzinger

Eu não escrevi sobre a morte do Papa, nem ia escrever sobre a sucessão do Papa, mas confesso que essa me deixou boquiaberto. Ratzinger! Quem diria! Ratzinger era a eminência parda do Vaticano. Ratzinger era quem fazia os serviços sujos que João Paulo II não queria fazer pra não diminuir sua popularidade. Ratzinger foi quem esmagou pessoalmente todos os pequenos movimentos progressistas e liberais que ensaiaram começar durante o último pontificado. Ratzinger era um José Dirceu, um ACM, um PC Farias: aqueles articuladores políticos geniais que ficam, nas sombras, fazendo aquelas negociatas políticas às vezes nojentas e calhordas que os grandes líderes não podem fazer em público. Na verdade, é impossível ser um grande líder sem um Ratzinger ao seu lado, limpando a sujeira e amarrando as pontas soltas. Eu nunca achei que Ratzinger seria eleito Papa, por dois motivos: O primeiro, bastante citado na imprensa que não pára de falar nisso, é que ele fez inimigos demais. Todos os cardeais já haviam tido, em um momento ou outro, seu braço torcido por Ratzinger. Na hora do voto secreto, o homem não iria receber nenhum. E pensei também em outra razão, essa só minha: tem gente que é feita pra luz, tem gente que é feita pras sombras. Quando alguém é poderoso no nível de um Ratzinger ou de um ACM, trazê-los para debaixo dos holofotes só diminui o seu poder. Vocês podem imaginar ACM Presidente da República? Seu poder está nos acordos por debaixo do pano. Ele jamais aceitaria ser rebaixado desse jeito. Ou talvez aceitasse. Já não sei mais de nada. Nessas horas, a vaidade fala mais alto. Está aí o Ratzinger que não me deixa mentir. Mas digo isso: preparem-se.
O homem é linha-dura.
Os tempos de Joãozinho Paz e Amor acabaram.
Joseph Ratzinger agora é Bento XVI
Sera o Benedito...

Alex Castro...

Difícil libertação da teologia

Os grandes temas dos teólogos malditos – democracia interna, injustiça social, sexualidade, discriminação – têm de voltar a ser postos na mesa agora. Sem isso, é duvidoso que a Igreja possa continuar a ter pretensões de ser o testemunho vivo de Cristo no mundo em movimento.
Na vida como na morte, João Paulo II (JPII) foi um espetáculo midiático que revolucionou a imagem da Igreja no mundo católico e não católico. Agora que o espetáculo terminou, é tempo de reflectir sobre o legado do papa e os desafios com que a Igreja Católica (IC) se confronta.
Quando JPII iniciou o seu pontificado, a IC debatia-se com três problemas. A questão da modernidade: como interiorizar os valores da modernidade como a liberdade, os direitos humanos e a democracia. A questão ecumênica: quais as possibilidades e os limites do diálogo com outras religiões. A questão social: como articular evangelização com promoção humana em sociedades onde as desigualdades sociais não cessavam de aumentar. Estas questões tinham estado no centro do Concílio Vaticano II (1962-65) e tinham dominado os debates teológicos subseqüentes entre aqueles para quem o Vaticano II tinha ido longe demais e pensavam ser necessário desactivar o seu impulso reformista (os conservadores) e aqueles para quem o Vaticano II tinha de ser prosseguido, até porque não tinha ido tão longe quanto devia (os progressistas).
A eleição de JPII significou a vitória dos conservadores. A questão da modernidade foi tratada de modo contraditório. Em nível externo, os valores da modernidade foram abraçados como pedras basilares da luta anticomunista. Modernidade tornou-se sinónimo de capitalismo e, pela primeira vez em sua história recente, a IC identificou a sua mensagem com a de um sistema econômico concreto (encíclica Centesimus Annus). Esta posição selou a aliança de JPII com Reagan e Thatcher, parceiros na revolução conservadora dos anos oitenta. Em nível interno, a questão da modernidade foi suprimida: democracia e liberdade são para vigorar na sociedade, não na Igreja. Esta, para ser fiel à sua missão, deve continuar a ser uma monarquia absoluta, centrada no papa e na Cúria, e todos os desvios devem ser punidos.
O povo de Deus só existe na comunhão com a hierarquia e, por isso, não tem voz nem voto para além dela. Todo o impulso democratizante pós-conciliar foi, assim, neutralizado: exacerbou-se o centralismo, com o esvaziamento do Sínodo dos Bispos; dezenas de religiosos e teólogos foram suspensos, silenciados, censurados, por ousarem abordar questões proibidas: sacerdócio das mulheres, celibato, uso de contraceptivos, aborto, culto mariano, infalibilidade do papa, novas fronteiras da biologia.
Os jesuítas, entre quem soprava forte o vento da renovação, foram fustigados (substituição do Superior Geral, proibição da Congregação Geral de 1981). Pelo contrário, à Opus Dei – conhecida pelo seu conservadorismo teológico e disciplina rígida, e por defender a confessionalidade das instituições temporais – foi confiada a tecnologia institucional do restauracionismo, até ser convertida em prelatura pessoal do papa, com o que passou a estar subtraída ao controle dos bispos locais.
A contradição entre o tratamento interno e externo dos valores da modernidade passou despercebida do grande público pela maestria com que o papa reduziu a abertura da Igreja à democratização da sua imagem mediática. E o mesmo se passou com a questão econômica. Devido à recusa de JPII de qualquer abertura dogmática ou teológica, o diálogo inter-religioso ficou-se pelos espectáculos dos encontros ecumênicos. O mesmo se passou com a questão social, sendo que aqui a virulência conservadora de JPII atingiu o paroxismo.
Tratou-se de uma repressão brutal da teologia da libertação. Esta corrente teológica, assente na opção pelos pobres – “se Deus é Pai tem por missão tirar os seus filhos da miséria” – ganhava terreno na América Latina, continente onde vivem metade dos católicos do mundo, e traduziu-se num novo catolicismo popular que envolvia clérigos e leigos na luta social e política contra a injustiça social. É hoje sabido que JPII se serviu de informações da CIA – sua aliada na luta contra o comunismo – para acusar bispos e padres de subversão marxista, suspendendo-os ou forçando-os a resignar.
Agora que terminou o espectáculo, a Igreja confronta-se com as mesmas questões de 1979 e está em piores condições para lhes dar uma resposta positiva. A Igreja não se deixará iludir pela adesão dos jovens a JPII. É certo que o adoravam, mas estariam provavelmente tão dispostos a seguir na prática os seus ensinamentos conservadores como os ensinamentos revolucionários de Che Guevara, colado ao peito das suas t-shirts. Muita da energia pós-conciliar para libertar a teologia perdeu-se. A verdade é que os grandes temas dos teólogos malditos – democracia interna, injustiça social, sexualidade, discriminação – têm de voltar a ser postos na mesa. Sem isso, é duvidoso que a IC possa continuar a ter pretensões de ser o testemunho vivo de Cristo no mundo em movimento.

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo

segunda-feira, abril 18, 2005

Tom Waits Posted by Hello

domingo, abril 10, 2005

All I've got is empty pockets now

All I've got is empty pockets now
As I slow down Purple Avenues
To march around in April's shoes
Weathervanes remind
Of the summertimes that I've left behind
All the money's gone for Auld Lang Syne
I spent on eastern standard time
What happened to my roll
September fell right through the hole
All I've got is empty pockets now
Oh why does August try so hard
To hoist me on my own petard
I've learned one thing from losing her
That an ounce of prevention's worth a pound of cure
The shadows fall, I cannot thread
The tenor of the things you said
All that's left is flesh and bone
The lights are on but no one's home
All I've got is empty pockets now
I spill myself another drink
I count the whiskers in the sink
The orchestra is blind
But I've never been the worrying kind
Subsequently and furthermore
I'll sleep right here on the draining board
I will never be paroled
I like to drink them while they're cold
All I've got is empty pockets now

sexta-feira, abril 08, 2005

Papa

Aos que quizerem, leiam o magnifico texto de Mino Cart na sua coluna A semana da revista Carta Capital.
O texto Subversão e Poder mostra como a morte de uma personalidade como
João Paulo II pode ser manipulada e usada de forma a se tornar um espetaculo midiatico...
Mino Carta, lucido e necessario.
Rene

terça-feira, abril 05, 2005

step right up

step right up
Everyone's a winner, bargains galore
That's right, you too can be the proud owner
Of the quality goes in before the name goes on
One-tenth of a dollar
we got service after sales
You need perfume? we got perfume
how 'bout an engagement ring?
Something for the little lady...

Procurem escutar TOM WAITS no album Used Songs, prestem atençao no baixo continuo que sustenta bem forte...
Isso.
Rene

segunda-feira, abril 04, 2005

Talvez seja só isso que falta... Posted by Hello

sábado, abril 02, 2005

Para Alethea, Gaelle, Pablo e Anna-Flora

Quando penso em algo que me traga paz, lembro de Paulo Leminski,
Quando quero algo que me traga lembranças, ouço Tom Waits,
Quando quero que tudo corra bem, nada escuto, nada penso, apenas deixo viver...
René

Eis;


Tempo lento,espaço rápido,quanto mais penso,menos capto.
Se não pego isso
que me passa no íntimo,importa muito?
Rapto o ritmo.
Espaçotempo ávido
lento espaçodentro,quando me aproximo,
simplesmente me desfaço,
apenas o mínimo
em matéria de máximo.

Vezes sem conta tenho vontade
De que nada mude
Meiavoltavolver
Mudar é tudo que pude...

Leminski

“O ideal de uma existência que não se envergonha de si
mesma se realiza como vida descarada.”
Frédéric Gros
 Posted by Hello

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