pensante

René Queiroz

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domingo, maio 29, 2011

ESTOU FINALMENTE FELIZ!!!

Acabo de conhecer A MELHOR BANDA DA CIDADE!
Que lindo, Meu Deus!
Quero que todo mundo conheça estas crianças de curitiba:
http://www.youtube.com/watch?v=QW0i1U4u0KE

Olha o que disse o Alex Castro do LLL: http://www.alexcastro.com.br/

Adorei a música, o clipe, o casarão, a felicidade das pessoas, o cachorro no colo do bateirista. É tudo tão bobinho mas eu também devo ser mais bobinho ainda, porque me emocionei, amei, passei adiante. Entendo bem quem tem mil críticas técnicas à música, à letra, à execução do vídeo, etc. (Não se convive impunemente com a Camila por três anos.) Acho super justo e democrático que tenham surgido sátiras e paródias. Posso até concordar com quem diz que é o equivalente musical de uma ppt de fotos de gatinhos.
Mas como pode ter gente reagindo com ódio ou raiva? Como pode um ser humano ver esse vídeo, tão aberto, tão humano, tão profundamente feliz.... e responder com insultos e xingamentos?
Bobo como é, eu colocaria esse vídeo em uma sonda espacial. Para lembrar aos alienígenas do futuro que nós podemos até ter sido uma espécie assassina e guerreira que se extinguiu entre bombas atômicas e SUVs sedentos por gasolina, mas que, pelo menos de vez em quando, aqui e ali, entre um genocídio e outro, a gente soube ser bobo e feliz.

Sabem quem foram?

Um casal de extrativistas, líderes do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, foram assassinados na comunidade de Maçaranduba, a 50 quilômetros do município de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Maria do Espírito Santo da Silva e José Claudio Ribeiro da Silva eram nativos da região e integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), organização não governamental (ONG) fundada por Chico Mendes.
Em novembro do ano passado, quando foi palestrante no TEDX Amazônia -- espécie de fórum internacional que reuniu mais de 400 pensadores de diversas áreas do conhecimento sob o tema da qualidade de vida no planeta --, Silva já havia dito ao público o risco que corria: “A mesma coisa que fizeram no Acre com Chico Mendes (líder ambientalista assassinado em 1988) querem fazer comigo; a mesma coisa que fizeram com irmã Dorothy Stang (missinária norte-americana assassinada no Pará em 2005) querem fazer comigo. Posso estar falando hoje com vocês e daqui um mês vocês podem ver a notícia que eu já faleci”, sentenciou.
Na palestra, Silva disse que em 1997, quando foi criado o projeto de assentamento extrativista, a cobertura vegetal na região chegava a 85% do território, com florestas nativas de castanha e cupuaçu. “Hoje resta pouco mais de 20% dessa cobertura”, disse ele, que se auto-denominava castanheiro desde os sete anos. “Vivo da floresta, protejo ela de todo jeito, por isso vivo com a bala na cabeça a qualquer hora porque eu vou pra cima, eu denuncio (...) Quando vejo uma árvore em cima do caminhão indo pra serraria me dá uma dor -- é como o cortejo fúnebre levando o ente mais querido que você tem, porque isso é vida pra mim que vivo na floresta e pra vocês também, que vivem nos centros urbanos”, disse.
Sobre a sensação de medo diante das ameaças que afirmava sofrer, o castanheiro resumiu, na palestra: “Medo eu tenho, sou um ser humano, mas o meu medo não empata de eu ficar calado. Enquanto eu tiver forças pra andar, estarei denunciando todos aqueles que prejudicam a floresta”.

sexta-feira, maio 27, 2011

Eduardo Galeano: O divórcio entre os jovens e a classe política

“Dois séculos de conquistas estão sendo jogados no lixo”
Em entrevista à Televisão da Catalunha, o escritor uruguaio Eduardo Galeano fala sobre as mobilizações que levaram milhares de jovens para as ruas de diversas cidades espanholas nos últimos dias. “Esse é um dos dramas do nosso tempo. Dois séculos de lutas operárias que conquistaram direitos muito importantes para a classe trabalhadora, estão sendo jogados na lata de lixo por governos que obedecem à uma tecnocracia que se julga eleita pelos deuses para governar o mundo. É uma espécie de governo dos governos, como este senhor que agora parece que se dedica a violar camareiras, mas antes violava países e era aplaudido por isso”.
Em entrevista ao programa “Singulars”, da Televisão da Catalunha (TV3), o escritor uruguaio Eduardo Galeano fala sobre as manifestações dos últimos dias que levaram milhares de jovens para as ruas de diversas cidades espanholas. Galeano esteve em Madri e pode presenciar ao vivo as mobilizações na Porta do Sol. Disponibilizamos abaixo a entrevista concedida ao jornalista Jaume Barberà e destacamos alguns trechos da fala de Galeano:
“Há hoje em quase toda a América Latina um problema visível e preocupante que é o divórcio entre os jovens, as novas gerações, e o sistema político, o sistema de partidos vigente. Eu não reduziria a política à atividade dos partidos, por que ela vai muito mais além, mas isso é preocupante mesmo assim”.
“Nas últimas eleições chilenas, por exemplo, 2 milhões de jovens não votaram. E não votaram porque não se deram ao trabalho de fazer o registro eleitoral. Suponho que a maioria não fez o registro por que não acredita nisso. E me parece que isso não é culpa dos jovens. Neste sentido, gostei muito de ter presenciado essas manifestações que tive oportunidade de ver na Porta do Sol”.
“Um dos lemas que ouvi era ‘com causa e sem casa’, o que é muito revelador da situação atual. Muitos daqueles jovens ficaram sem casa e sem trabalho. Isso deve ser levado em conta. Esse é um dos dramas do nosso tempo. Dois séculos de lutas operárias que conquistaram direitos muito importantes para a classe trabalhadora, estão sendo jogados na lata de lixo por governos que obedecem à uma tecnocracia que se julga eleita pelos deuses para governar o mundo”.
“É uma espécie de governo dos governos, como este senhor que agora parece que se dedica a violar camareiras, mas antes violava países e era aplaudido por isso. É essa estrutura de poder, muitas vezes invisível, que de fato manda. Por isso, quando se consegue aglutinar vozes capazes de dizer ‘basta’ a primeira coisa a fazer é ouvi-las com respeito, sem desqualificá-las de antemão e saber esperar. Esses jovens não parecem esperar ordens de ninguém. Agem espontaneamente, aliando razão à emoção. Como vai acabar isso? Não sei. Talvez acabe logo, talvez não. Vamos ver”.
“O mundo está preso em um sistema de valores que coloca o êxito acima de todas as virtudes. Ele é uma fonte de virtudes. Em troca, condena o fracasso. Perder é o único pecado para o qual, no mundo de hoje, não há redenção. Estamos condenados a ganhar ou ganhar. Os dois homens mais justos da história da humanidade, Sócrates e Jesus, morreram condenados pela Justiça. Os mais justos foram condenados pela Justiça. E nos deixaram coisas muito importantes como amor e coragem”.

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