pensante

René Queiroz

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quarta-feira, novembro 30, 2005

Karl Marx, o novo...

A teoria materialista de que os homens são produto das circunstâncias e da educação e de que, portanto, homens modificados são produto de circunstâncias diferentes e de educação modificada, esquece que as circunstâncias são modificadas precisamente pelos homens e que o próprio educador precisa ser educado. Leva, pois, forçosamente, à divisão da sociedade em duas partes, uma das quais se sobrepõe à sociedade (como, por exemplo, em Robert Owen).
A coincidência da modificação das circunstâncias e da atividade humana só pode ser apreendida e racionalmente compreendida como prática transformadora.
("Teses sobre Feuerbach", 1845)

Audácia, prudência, temperança

Uma sociedade é sustentável quando consegue articular a cidadania ativa com boas leis e instituições sólidas. São os cidadãos mobilizados que fundam e refundam continuamente a sociedade e a fazem funcionar dentro de padrões éticos. O presente momento da política brasleira e a situação atual do mundo estigmatizado por várias crises nos convidam a considerar três virtudes urgentes: a audácia, a prudência e a temperança.
A audácia é exigida dos tomadores de decisões face à situação social brasileira que vista a partir das grandes maiorias é desoladora. Muito se tem feito no atual governo, mas é pouco face à chaga histórica que extenua os pobres. Nunca se fez uma revolução na educação e na saúde, alavancas imprescindíveis para transformações estruturais. Um povo ignorante e doente jamais dará um salto para frente.
Algo semelhante ocorre com a política mundial face à escassez de água potável e ao aquecimento global do planeta. Audácia é aquela coragem de tomar decisões e pôr em prática iniciativas que respondem efetivamente aos problemas em questão. O que vemos, especialmente, no âmbito do G-8, do FMI, do BM e da OMC diante dos problemas referidos são medidas tímidas que mal protelam catástrofes anunciadas. No Brasil a busca da estabilidade macroeconômica inibe a audácia que os problemas sociais exigem. Dever-se-ia ir tão longe na audácia que um passo além seria insensatez. Só assim evitar-se-ia que as crises, nacional e mundial se transformassem em drama coletivo de grandes proporções.
A segunda virtude é a prudência. Ela equilibra a audácia. A prudência é aquela capacidade de escolher o caminho que melhor soluciona os problemas e mais pessoas favorece. Por isso a prudência é a arte de congregar mais e mais agentes e de mobilizar mais vontades coletivas para garantir um objetivo bom para o maior número possível de cidadãos.
Como em todas as virtudes, tanto a audácia quanto a prudência podem conhecer excessos. O excesso de audácia é a insensatez. A pessoa vai tão longe que acaba se isolando dos outros ficando sozinha como um Dom Quixote. O excesso da prudência é o imobilismo. A pessoa é tão prudente que acaba morrendo de ajuizada. Engessa procedimentos ou chega tarde demais na compreensão e solução das questões.
Há uma virtude que é o meio-termo entre a audácia e a prudência: a temperança. Em condições normais significa a justa medida, o ótimo relativo, o equilíbrio entre o mais e o menos. Ela é a lógica do universo que assegura o equilíbrio entre a desordem originária do big bang (caos) e a ordem produzida pela expansão/evolução(cosmos). Mas em situações de alto caos social como é o nosso caso, a temperança assume a forma de sabedoria política. A sabedoria implica levar tão longe a audácia até aquele ponto para além do qual não se poderá ir sem provocar uma grande instabilidade. O efeito é uma solução sábia que resolve as questões das pessoas mais injustiçadas, quer dizer, traz-lhe sabor à existência (donde vem sabedoria).
Ninguém expressou melhor esse equilíbrio sutil entre audácia corajosa e prudência sábia que Dom Pedro Casaldáliga ao escrever: "Saber esperar, sabendo ao mesmo tempo forçar as horas daquela urgência que não permite esperar".
Leonardo Boff é teólogo.

terça-feira, novembro 22, 2005

Uma guerra sem fim

Não se pode negar que o governo, e o próprio PT, tentaram tudo o que estava a seu alcance para obter alguma trégua na crise política. Tais tentativas tinham como pressuposto a idéia de que não interessava à oposição tucano-pefelista minar a política econômica, ou detonar o seu principal executor, o ministro Palocci.
Isso, apesar de, desde o início, havia se delineado uma situação em que a trégua só seria alcançada com a saída de Lula e do PT do governo. A condição para a trégua era que essa "raça" fosse afastada do poder político por algumas dezenas de anos. Essa pretensão foi apresentada claramente pelo presidente do PFL, mas muita gente supôs tratar-se apenas de um exagero de retórica.
No entanto, na prática era esse o objetivo perseguido. Os surtos desvairados de ódio cresceram tanto nos momentos de defensiva do governo e do PT, quanto nas vezes em que ensaiaram ataques mais consistentes contra os oposicionistas. Os movimentos recentes, que mostram as armas tucano-pefelistas apontadas também para o ministro Palocci, indicam mais claramente que a oposição só tem compromisso com aquele objetivo. O resto é firula.
Se o PT e o governo Lula estão dispostos a enfrentar a estratégia tucano-pefelista, devem ter em conta que estão diante de uma guerra sem fim. Uma guerra em que o lado de lá não dará trégua, não levará em conta qualquer interesse superior do país, não terá a verdade como meta, nem a inocência como pressuposto. Uma guerra em que, a única coisa que realmente conta é a destruição do PT e a derrubada mais rápida do governo, ou seu contínuo sangramento até outubro de 2006.
O pior, em tudo isso, não é a ilusão de que o tucanato-pefelista possa chegar a algum tipo de compromisso pelos interesses do país. O pior é que o PT parece não haver se dado conta de que, estando em guerra, não pode contemporizar com "generais e oficiais" do antigo estado-maior que cometeram erros crassos, abriram flancos para os ataques inimigos e deixaram que suas forças sofressem perdas imensas. Qualquer exército que se preze sabe que, para reorganizar suas forças e criar as condições para retomar a iniciativa no combate e passar à ofensiva, tem que punir exemplarmente os que cometeram faltas, mesmo que sejam generais engalanados.
Não por acaso, as recentes tentativas petistas de passar à ofensiva têm caído no vazio. Pesa-lhes o fardo de continuarem carregando impunes as lideranças que cometeram irregularidades e delinqüências. Sem resolver essa pendência, a nova direção do PT corre o risco de afundar na mesma impotência que marcou a interinidade de Tarso Genro. Com a agravante de ser responsabilizada por haver perdido a guerra contra a direita. Guerra é guerra, e os perdedores sempre são os responsáveis por sua derrota.
Wladimir Pomar é analista político.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Eis...

Tolerância é a capacidade de aceitar o diferente.
Não confundir com o divergente. Intolerância é não suportar a pluralidade de opiniões e posições, crenças e idéias, como se a verdade fizesse morada em mim e todos devessem buscar a luz sob o meu teto.

Conta a parábola que um pregador reuniu milhares de chineses para pregar-lhes a verdade.
Ao final do sermão, em vez de aplausos houve um grande silêncio.
Até que uma voz se levantou ao fundo: "O que o senhor disse não é a verdade".
O pregador indignou-se: "Como não é verdade? Eu anunciei o que foi revelado pelos céus!"
O objetante retrucou: "Existem três verdades.
A do senhor, a minha e a verdade verdadeira.
Nós dois, juntos, devemos buscar a verdade verdadeira".

Só os intolerantes se julgam donos da verdade. Todo intolerante é um inseguro. Por isso, aferra-se a seus caprichos como um náufrago à tábua que o mantém à tona.
Não é capaz de ver o outro como outro.
A seus olhos, o outro é um concorrente, um inimigo.
Ou um potencial discípulo que deve acatar docilmente suas opiniões.

O tolerante evita colonizar a consciência alheia. Admite que, da verdade, ele apreende apenas alguns fragmentos, e que só pode ser alcançada por esforço comunitário.
Reconhece no outro a alteridade radical, singular, que jamais deve ser negada.

Tolerância não é sinônimo de tolice.
O tolerante não desata tempestade em copo d’água, e jamais cede quando se trata de defender a justiça, a dignidade e a honra, bem como o direito de cada um ter seus princípios e agir conforme sua consciência, desde que isso não resulte em opressão ou exclusão, humilhação ou morte.

O que almejo, não é o que espero.
O resto é silencio...

segunda-feira, novembro 14, 2005

A história do fim

Parece que o Fukuyama está começando a ver o "fim da História" sob ângulos mais pessimistas.
Ei-lo em entrevista à Folha do domingo:
Folha - Atualmente, a maior ameaça ao liberalismo vem de atores não-estatais?
Fukuyama - A novidade não é a existência de atores não-estatais, mas sua convergência com a tecnologia moderna. Se você mantiver radicais de um lado e armas nucleares de outro, o problema será contornável.
O problema é que nunca lidamos com as duas coisas juntas.
O fim da história continua sendo uma questão em debate. Outros problemas acompanham a modernização, como o aquecimento global. Nossa civilização moderna e tecnológica talvez esteja colocando em risco a sua própria existência...
por smartshadeofblue

domingo, novembro 13, 2005

GUARDAR

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em um cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la,
fitá-la, mirá-la por admirá-la,
isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la,
isto é, fazer vigília por ela,
isto é, velar por ela,
isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz,
por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Pérolas do RUMO...

Trio de efeitos
(José Miguel Wisnik e Luiz Tatit)

sempre fui bom
nunca fui bad
posso ser mau
se eu quiser
nada impede
mas é um dom
quase profético
nasci assim sou assim
é genético
nunca fui bom
sempre fui médio
nasci assim
que fazer
que remédio
vou melhorar
é o que veremos
sou todo assim
mais ou menos
sempre fui bom
sempre fui médio
é o meu dom
e o meu tédio
eu já sou mau
mau espontâneo
oh nunca vi
crueldade tamanha
ódio mortal
do fundo do peito
não sei porque
que eu nasci
desse jeito
eu sou tão bom
tenho uns defeitos
quero matar
o primeiro sujeito
médio mau bom
um trio de efeitos
juntos seremos eleitos
sou o melhor
sou a pior
sou um medíocre perfeito...
quero sucesso
quero fracasso
sei que pra mim
regular já é o máximo!

quinta-feira, novembro 10, 2005

Christiana Nóvoa

Poesia não é má temática
É matéria até que boa
Apesar de pouco prática

quarta-feira, novembro 09, 2005

A esquerda morreu; a rebelião vive...

Conviria a Mr. Blair (e a Mr. Bush) fazer o que parece mais difícil: pensar. Pensar no que está ocorrendo na França. Inventaram um mundo único, preparem-se para o mundo único. Crescendo tanto a riqueza quanto a miséria, o globo ficou pequeno para pobres e ricos. Três são as possibilidades: os ricos acabam com os pobres, os pobres acabam com os ricos, ou se encontra um “modus vivendi” entre os eternos adversários da História. Para que haja esse convívio tolerável, mesmo que ainda de alguma forma injusto, é preciso restabelecer a ordem do Estado, colocando-o como o instrumento limitador dos conflitos sociais. Por enquanto, o Estado só está abrindo mais espaço aos ricos.
Vai ser difícil impedir que as agitações se confinem ao território francês.
Se não houver um milagre em favor dos grandes, dentro de horas ou, no máximo, de dias, as mesmas agitações virão a ocorrer na Itália e na Grã Bretanha, para se espalharem pela Europa e, quem sabe, chegarem aos próprios Estados Unidos. O que ocorreu em Nova Orleans mostra que a grande nação norte-americana não está tão unida quanto se pensava, e paira, em seu destino, a advertência de Lincoln, em seu célebre discurso sobre “a casa dividida”.
Estamos, no mundo inteiro, mais ou menos como a Europa estava antes das rebeliões operárias de 1848, mas com muito mais vantagem para os pobres. Hoje, às barricadas das ruas, somam-se as barricadas da internet. De tanto ver a violência nos cinemas e na televisão, os pobres sabem como preparar seus coquetéis molotov e atingir os alvos com precisão. A pressão chegou a tal nível que os expedientes dos excluídos para a sobrevivência, como o tráfico de drogas, o comércio de mercadorias com grifes falsas (afinal, convenhamos, que diferença essencial há entre uma bolsa Vuilton autêntica e a falsa?), o malabarismo nas ruas e a guarda dos automóveis já não são suficientes para mantê-los contidos. Esse é um fenômeno universal. Até o fim do século passado, as cidades absorviam os subúrbios; hoje os subúrbios estão sitiando as cidades.
Os jornais estão ocupados com a visita de fim de semana do presidente Bush à Argentina e ao Brasil. Ora, Bush se encontra acossado pela realidade política de seu país, com os seus principais assessores envolvidos em casos que podem ser considerados, na tradição constitucional norte-americana, como atos de traição. Não deixa de ser um ato de traição a mentira utilizada para justificar a guerra contra o Iraque, que já custou mais de dois mil mortos e milhares e milhares de feridos, além dos imensos gastos militares. O futuro do mundo não está na Casa Branca, nem no Capitólio. Ele está sendo jogado na periferia de Paris.
Na periferia de Paris, de Londres, de Roma, do Rio, de São Paulo.
A bola está com os pobres.
Mauro Santayana

domingo, novembro 06, 2005

Por que a França está pegando fogo ?

Governo francês vem sendo criticado por reação a distúrbios
A morte acidental de dois garotos que estariam sendo perseguidos pela polícia em Clichy-sous-Bois, na periferia de Paris, estopim de uma onda de violência que já dura uma semana e se alastrou para outros subúrbios da região, relançou novamente o debate sobre a política de integração social na França.
O distrito da Seine-Saint-Denis, que reúne os vários municípios onde ocorrem os confrontos entre gangues de jovens e policiais – e onde a maioria da população é imigrante –, é um mundo à parte para a maioria dos parisienses, que em muitos casos nunca visitaram essas áreas.
O charme da capital francesa não faz parte da paisagem da Seine-Saint-Denis, onde predominam as moradias sociais e suas enormes torres enfileiradas. A diversidade cultural de Paris também não está presente nesses locais, onde as opções de lazer são bastante reduzidas.
Os habitantes dessas periferias, onde vivem populações originárias do Magreb (Marrocos, Argélia, Tunísia) e de outras partes da África, afirmam ser vítimas de discriminação no mercado de trabalho. E se dizem frustrados, sobretudo os jovens, diante da falta de perspectiva para o futuro.
Desemprego
O índice de desemprego é elevadíssimo nessas periferias, de acordo com dados do próprio governo: 21%, o dobro da média nacional.
Entre os jovens, o índice chega a atingir cerca de 40%, de acordo com o recente relatório do Observatório Nacional de Zonas Urbanas Sensíveis, divulgado em outubro pelo Ministério do Trabalho e da Coesão Social.
"A violência que ocorre atualmente na periferia de Paris é a expressão de um certo desespero, de cólera, de raiva e de um sentimento de injustiça", diz o sociólogo Michel Wieviorka, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris e um dos maiores especialistas franceses em violência urbana. Ele acaba de publicar o livro Violência, sobre o problema.
Para o sociólogo, os jovens de bairros populares estimam viver em um "estado de guerra, que os opõem a um sistema que eles julgam como repressivo".
O próprio governo reconhece a diferença de oportunidades nessas áreas populares e de maioria imigrante: "Bairros sensíveis: as desigualdades persitem", é o título da publicação que resume o relatório publicado pelo Observatório Nacional de Zonas Urbanas Sensíveis.
"Nestes bairros, o fato de ser jovem, mulher ou imigrante aumenta o risco de ficar desempregado", diz o jornal da delegação interministerial para as cidades que comenta o relatório.
No caso das mulheres imigrantes, originárias de países que não fazem parte da União Européia, a taxa de desemprego é de 38%, segundo o documento.
De acordo com outra fonte oficial, o Instituto Nacional de Estatística e de Estudos Econômicos, a taxa de desemprego de pessoas que cursaram a universidade é de apenas 5%. Mas no caso de diplomados de origem do norte da África (os países do Magreb, ex-colônias francesas), o índice atinge 26,5%.
"A França não consegue enfrentar a deriva do seu modelo republicano de integração", afirma o sociólogo Michel Wieviorka. "A violência nessas periferias é um problema que nem a esquerda nem os partidos de centro-direita da França conseguiram tratar nos últimos 25 anos", diz ele.
"Ralé"
O ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, acusado de ter piorado a situação ao utilizar termos como "ralé" para designar jovens dessas periferias, diz que a França enfrenta há três décadas problemas nas periferias consideradas "sensíveis".
"A primeira geração de imigrantes se integrou melhor do que a terceira geração", disse o ministro em uma entrevista ao jornal Le Parisien. "Os avós estrangeiros se sentem mais aceitos do que seus netos que nasceram na França e são, portanto, franceses", afirmou o ministro.
Segundo ele, o problema é resultado da instalação na periferia de trabalhadores imigrantes que a França solicitou após o fim da Segunda Guerra e cujos descendentes não tiveram as mesmas oportunidades de trabalho.
O governo francês afirma destinar anualmente 2 bilhões de euros (cerca de R$ 5,3 bilhões) para as "zonas urbanas sensíveis". O ministro do Trabalho e da Coesão Social reconheceu nesta quinta que, apesar dos recursos, a ação do governo não é suficiente.
O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, prometeu elaborar até o fim de novembro um plano de ação para os subúrbios considerados difíceis. Para Wieviorka, o sistema francês deve ser "repensado para tentar conciliar justiça social e eficácia na área econômica".
Daniela Fernandes - Fonte: BBCBrasil

Por que a França está pegando fogo ?

Os problemas com grupos de jovens duram desde o passado dia 27, quando dois adolescentes morreram electrocutados, depois de se terem escondido numa central eléctrica de alta tensão, quando fugiam da polícia.
Se é só por isso, o mundo enlouqueceu!!
Tem mel no toco, mais coisas estão por traz destes disturbios, esperem e verão...
Rene

Chávez expulsa missionários americanos, e aqui?

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou na ultima quarta-feira a expulsão do país de um grupo missionário americano, New Tribes Mission, que prega o cristianismo para os povos indígenas.
Chávez disse que os missionários são "imperialistas" e que se sente "com vergonha" de sua presença nas áreas indígenas da Venezuela.
"O New Tribes está deixando a Venezuela", disse Chávez durante uma cerimônia para dar títulos de propriedade e equipamentos agrícolas para membros da comunidade indígena da Venezuela.
Para quem conhece um pouco a região de Roraima, repleta de missionários religiosos americanos "bem intencionados" percebe o quanto a retórica de Chaves passa a ser séria. Ou prestamos atenção ou seremos um pequeno enclave no hemisfério sul...
Rene

FHC para governador??????

O governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, está à procura de um sucessor. Não há na sua equipe ninguém capaz de empolgar o eleitorado. Ontem, assim como quem não quer nada, lançou o nome de Fernando Henrique Cardoso. Um ex-presidente da República para governador de São Paulo? Sim, isso mesmo. FHC é o “melhor nome”, acha Alckimin. Seria, disse ele na Folha (para assinantes), uma "solução Rodrigues Alves". Referia-se ao brasileiro que presidiu o país entre 1902 a 1906 e, depois, foi eleito governador paulista para o mandato de 1912 a 1916.
Para Alckimin, FHC “é hors-concours. Se quiser ser candidato a presidente da República, tem toda prioridade. Se quiser ser candidato a governador, da mesma forma. Ele é o grande condutor desse processo. É um dos melhores nomes para o governo, mas depende dele."
As declarações do governador foram feitas no Piaui. Participou do 7º Encontro Regional sobre Políticas Públicas em Teresina (PI). A partir de agora, o governador se deslocará mais que caixeiro viajante. Candidato à presidência do país, quer fazer-se conhecido fora de São Paulo.
E provar a FHC que pode ser mais querido do que José Serra...
por Josias de Souza

Alca, Alca al carajo!!!

“Aqui em Mar del Plata está o túmulo da ALCA. Vamos dizer: ALCA al carajo. Na outra Cúpula, que começa às quatro da tarde, quando terei a palavra, vou levar este documento de vocês (o documento final da Cúpula dos Povos contra a ALCA) aos outros presidentes. A nós, os povos americanos, nos toca não apenas ser os enterradores da ALCA, e em uma dimensão muito maior, do modelo capitalista neoliberal que desde Washington arremete contra os nossos povos, mas os construtores de uma outra integração. Temos que ser os parteiros de um novo tempo, de uma nova história, da nova integração, da ALBA, a Alternativa Bolivariana para as Américas, uma verdadeira integração libertadora para a igualdade e a justiça”, afirmou.

Sob aplausos, Chávez falou também de um novo projeto socialista para a região, segundo ele a principal arma de preservação do planeta. “É de Rosa Luxemburgo a famosa frase: socialismo ou barbárie. Hoje se faz mais dramática esta expressão: socialismo ou morte. Não se trata de um discurso ético ou moral, se trata muito mais de salvar a vida no planeta. O modelo desenvolvimentista e consumista imposto ao mundo está acabando com a Terra. E até onde se sabe, não ha nenhum planeta perto para onde possamos nos mudar. Parece que em Marte houve vida algum dia, foram encontrados indício de que havia água, mas parece que lá se instalou o Fundo Monetário Internacional e o Consenso de Washington e acabou com tudo. Agora, só a consciência crescente de nossos povos salvará nosso planeta”.

Em outros momentos, porém, fez menção direta às tenções entre EUA e Venezuela. “Se ao imperialismo americano em seu desespero ocorrer invadir a Venezuela, como estou certo que querem, começaria em estas terra a Guerra dos Cem anos. Mas não temos que temer o imperialismo, o povo do mundo unido pode levar ao fracasso esses intentos. Assim como fracassou o imperialismo norte-americano na tentativa de deter a revolução cubana, assim fracassará em seu intento de deter a revolução bolivariana na Venezuela”.

Narcisismo político

A naturalização e valorização positiva da fragmentação e dispersão sócio-econômica estimulam um individualismo agressivo e a busca de sucesso a qualquer preço, ao mesmo que tempo em que dão lugar a uma forma de vida determinada pela insegurança e pela violência institucionalizada pela volatilidade do mercado. Insegurança e medo levam ao gosto pela intimidade, ao reforço de antigas instituições, sobretudo a família e o clã, como refúgios contra o mundo hostil, ao retorno das formas místicas e autoritárias ou fundamentalistas de religião, e a adesão à imagem da autoridade política forte ou despótica. Se, sob os imperativos da sociedade de consumo e do espetáculo, as artes foram submetidas à lógica da industria cultural, agora, com aqueles imperativos, acrescidos do fortalecimento da figura pessoal do governante, a política se torna indústria política. Por isso, dá ao marketing a tarefa de vender a imagem do político e reduzir o cidadão a figura privada do consumidor. Para obter e identificação do consumidor com o produto, o marketing reproduz a imagem do político enquanto pessoa privada: características corporais, preferências sexuais, culinárias, literárias, esportivas, hábitos cotidianos, vida em família, bichinhos de estimação. A privatização das figuras do político e do cidadão privatiza o espaço público. Com isso, a avaliação ética dos governos não possui critérios próprios de uma ética pública, e se torna uma avaliação de virtudes e vícios pessoais dos governantes, e a corrupção é atribuída ao mau caráter dos dirigentes e não às instituições públicas.
Temos o narcisismo completo.

quinta-feira, novembro 03, 2005


Este Blog faz um ano, um ano inteiro de palavras, de escolhas, de pensamentos,
e um ano,sobretudo rico em idéias.
Um apanhado de reflexões, algumas sérias, outras nem tanto...
Tantas coisas por fazer,
tantas conversas a serem posta em dia,
tantas coisas...
Tantas viagens,
tantos conhecer,
tantos dizer novamente,
Tento Repensar...


eu, Anna e Viridiana

quarta-feira, novembro 02, 2005

O fernanduto no feudo do carlismo

Das vantagens da internet: enquanto os jornais não tomam conhecimento da reportagem da revista Carta Capital sobre “um esquema semelhante ao duto de Marcos Valério montado na Bahia”, por meio de uma conta fantasma que teria movimentado R$ 101 milhões desde 2003, o assunto recebe o merecido destaque na blogosfera – e assim, por via transversa, começa a entrar na mídia impressa.
Hoje, o colunista Nelson de Sá, da Folha, citando dois sites e um político baiano, o deputado Geddel Vieira Lima, do PMDB – “Vamos ver se ACM, ACM Neto e outros vão cobrar apuração com a mesma veemência” – levou o caso para dentro do jornal.
A ver se a partir disso os jornais se interessam por uma história impossível de ignorar. Se não pelo que a revista alega, baseada no trabalho de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, sobre o que parece ser algo de muito, muito podre no feudo de Antonio Carlos Magalhães, ao menos pelo papel do carlismo nas CPIs que apuram malfeitorias federais.
O deputado ACM Neto e o senador César Borges, ambos do PFL, fazem parte da tropa de choque da oposição, da mesma forma, aliás, que o ACM avô. Este só não aparece mais porque a idéia é deixar o espaço livre para o suave netinho, seu herdeiro político – que ontem deixou claras as suas origens ao dizer que o tucano-carcará Artur Virgílio pode contar com ele para surrar o presidente.
A matéria da Carta Capital pode não ser um primor de clareza jornalística, tanto mais necessária quando se trata de fazer o leitor acompanhar o trânsito de dinheiro público para bolsos privados e quando as supostas maracutaias se referem a situações diferentes, com protagonistas diferentes e valores muito desiguais — de R$ 39,1 mil aos citados R$ 101 milhões. Faz muita falta um infográfico mostrando o caminho (ou os caminhos) das pedras.
Ainda assim, o trabalho do conselheiro do TCE Pedro Lino, base da reportagem assinada por Leandro Fortes, é um tiro de canhão. Expõe, segundo a matéria, “estranhas relações contratuais entre o governo baiano [chefiado pelo pefelista Paulo Souto], a agência de publicidade Rede Interamericana/Propeg, do publicitário Fernando Barros e organizações não-governamentais formadas por servidores públicos.
E mais: “O caminho do dinheiro configura um esquema clássico de caixa 2. A Bahiatursa [empresa estatal vinculada à Secretaria de Cultura e Turismo] recebe recursos do Tesouro estadual e os repassa para pagamentos de despesas e transferências para empresas privadas por meio de convênios pouco ou nada confiáveis.”
Dos R$ 101 milhões que circularam por uma conta bancária comprovadamente não registrada no sistema de controle do Erário baiano, R$ 48,1 milhões [quase tanto quanto os R$ 55 mi do valerioduto que abasteceu petistas e aliados] foram depositados nas contas da Propeg.
Fernando Barros, o dono da agência, é sabidamente ligado ao carlismo. Segundo a reportagem, é também “um campeão local de licitações”. De janeiro a abril passados, “62% de todos os recursos da Bahiatursa foram para a Propeg.
No caso do valerioduto, sabe-se, em parte, para quem foi o dinheiro, mas não se sabe de onde veio (a menos que se acredite no conto de fadas dos empréstimos bancários). No caso do fernanduto, sabe-se, ao que tudo indica, de onde veio o dinheiro (da Bahiatursa), mas não se sabe para onde foi – ou irá – depois.
Cadê o resto da imprensa para continuar contando a história?
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/blogs/verbosolto.asp

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