pensante

René Queiroz

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sexta-feira, junho 29, 2007

meu quintal...

Estamos, eu e a Bem morando aqui pertinho, para que pensar em São Paulo...
Momentos por Sarah Lee

Um ano em Jundiai

Depois de uma ano de Jundiai, escutei no radio do carro uma musica do Itamar que me emocionou, eis a letra...

Venha até São paulo
São paulo tem socorro, tem liberdade, tem bom retiro
Tem esperança, tem gente e mais gente,
São paulo tem muitos santos espalhados pelo estado
Tem são judas, são caetano, santo andré, tem são bernardo
Tem são miguel, são vicente, do outro lado tem são carlos
Tem santo
Que nem me lembro são joão clímaco, santo amaro e a capital são paulo
Tem o largo de são bento no centro
E no litoral tem santos, há santas também
É claro, santa efigênia, santana, santa cecília,
Tem santa clara...
Venha até são paulo ver o que é bom pra tosse
Venha até são paulo dance e pule o rock and rush
Entre no meu carro vamos ao largo do arouche
Liberdade é bairro mas como japão fosse
Venha nesse embalo concrete fax telex
Igreja praça da sé faça logo sua prece
Quem vem pra são paulo meu bem jamais esquece
Não tem intervalo tudo depressa acontece
Não tem intervalo
Vai e vem e tchan e tchum êta sobe desce
Gente do nordeste, do norte aqui no sudeste
Batalhando nesse mundaréu de mundo que só cresce
Só carece
Venha até são paulo relaxar ficar relax
Tire um xérox, admire um triplex
Venha até são paulo viver à beira do stress
Fuligem catarro assaltos todo dia dez.

Acho que não volto mais não.
Rene

sábado, junho 16, 2007

Meu Filho, Minha Filha

Meu filho, minha filha é o nono livro de poesias de Carpinejar, se incluída na lista a coletânea Caixa de sapatos, que bebe de suas quatro primeiras obras. É tanta lírica que eu quase poderia voltar a lembrar Enzensberger, criador da máquina de fazer poesia, capaz de produzir um poema a cada 30 segundos. Mas Carpinejar é bem mais do que lírica serial.
O próprio Carpinejar volta a lembrar Um terno de pássaros ao sul quando diz: "Queria ser logo pai/ para deixar o encargo/ de ser filho." Depois do acerto de contas, do pedido de desculpas e da disposição à luta mostrada ao pai na obra anterior, Carpinejar agora aborda o mundo de seus filhos em imagens que continuam a desenhar a infância, encontros e desencontros, despedidas, separações. Assim, Meu filho, minha filha, apesar das diferenças estilísticas e formais, não deixa de ser mais um capítulo no grande romance em versos de sua vida, essa biografia em lascas, esse patchwork curricular cheio de "conficções" - para referir um termo que o próprio autor usou em uma de suas entrevistas - e pautado na relação pai-filho, mesmo em uma obra quase alegórica como Biografia de uma árvore. A capacidade fabuladora, a necessidade de narrar que o autor volta a demonstrar em sua nova obra, aliás, é rara entre os poetas de sua geração; louvado seja também, pois, por não se amasiar ao modismo de haicais fáceis, mas responder com arcaísmos narrativos de calibre. Em tempos frios, rápidos e virtuais como os de hoje, Carpinejar é capaz de fazer poesia épica, quente, demorada e real.

Meu filho comigo
Meu filho, não terminamos de conversar mesmo dormindo.
Nossas tosses continuam o assunto.
Uma responde à outra.
Uma completa a outra.
São tosses educadas, que não ofendem a noite.
Somos tremendamente felizes na doença.

Minha filha sem mim
Minha filha, pôr o pulôver em ti é uma arte.
Puxo com força, já receoso de raspar teu rosto.
Será que termino ou desisto e escolho nova roupa?
Naquelas frações de segundos em que permaneces coberta,
no escuro de estopa,
na solidão do tecido,
sofro com a possibilidade de tua ausência e enraiveço de tanto amor desajeitado.


Carpinejar, leiam agora...

Sebastião...

Sebastião mora em um condomínio popular na periferia da cidade.
Milhões de apartamentos todos iguais.
Sebastião na segunda feira chegou mais cedo do trabalho.
Teve uma manhã difícil além de um mau jeito nas costas. Sebastião passou pela enfermaria e com todos os papéis na mão foi pra casa.
A dor o deixara já muito aborrecido e confuso.
Sebastião naquele dia nem fez a parada lá no bar do Nicolau. Sebastião queria chegar logo em casa, tomar um banho e cair na cama. Sebastião subiu as escadas com dificuldade. Mora no quarto andar e condomínio de pobre não tem elevador. Sebastião pensou em bater na porta mas ao mesmo tempo lhe ocorreu que a mulher poderia ter saído para comprar o pão. Buscou a chave no bolso e quando ia enfiá-la na fechadura, percebeu que a porta não estava trancada. Sebastião entra com cuidado. Sua cabeça está enorme, parece um balão, pois ela também dói, invejosa das costas.
Está tudo uma bagunça.
Sebastião se aborrece mas pretende somente descansar.
Vai ao corredor e sente vozes. Com quem a mulher estaria falando já que não tem telefone em casa? Sebastião sente que a fúria está chegando. O que será de sua cabeça que já lhe tritura os miolos? Sebastião afasta lentamente a porta do quarto e vê que são dois os ocupantes da cama. Na penumbra vê bem que é um homem com uma mulher. Sebastião vê que estão pelados e promovendo a paz no mundo. Sebastião sobe nas tamancas. Dá um grito e apanhando um banquinho, avança como um viking alucinado por sobre o pobre homem.
Senhor juiz, agora me diga.
Que culpa tenho eu que Sebastião errou de apartamento, entrou no meu e me pegou no bem bom do meu aconchego?
Os tiros que lhe dei foi porque pensei se tratar de assaltante. Acho também, como bem disse meu advogado, irrelevante o fato de que a mulher que estava comigo, que aliás ele nem viu, fosse a dele.
by Flávio Prada

quinta-feira, junho 14, 2007

Prostíbulos fiscais

A função dos prostíbulos na sociedade tradicional era permitir que os respeitáveis maridos garantissem a eternidade dos laços matrimoniais, descarregando suas necesidades não atendidas pela esposa nos prostíbulos. Um papel similar tem os ironicamente chamados “paraísos fiscais”, como linhas de escape dos grandes capitais, que ganham mais com a especulação e os investimentos nesses lugares que na produção de bens.A porcentagem do comércio mundial que transita por esses paraísos fiscais subiu a mais da metade do total, mesmo se esses territórios que alugam sua soberania para negócios escusos somam apenas 3% do produto bruto mundial. Calcula-se que um bilhão de dólares de dinheiro sujo circulam anualmente nesses territórios, a metade proveniente dos países da periferia do capitalismo, a outra metade dos países centrais. Segundo um banqueiro suiço, apenas 0,01% do dinheiro sujo que passa pela Suíça é detectado.Mas o que é um paraíso fiscal e onde eles estão localizados? Entre suas características estão as de que não-residentes pagam pouco ou nada de impostos; a ausência de intercâmbio de informações fiscais com outros países; a falta de transparência legalmente garantida pelas organizações que se estabelecem nesses territórios; a não obrigação para as empresas locais que pertencem a não-residentes de exercer qualquer atividade local significativa.Pode-se passar a idéia de que eles estão situados na periferia do capitalismo, ainda mais que se costuma chamá-los de “offshore”. Mas não é assim: geograficamente eles podem estar situados em pequenas ilhas, mas a maioria dos paraísos fiscais estão, política e economicamente, ligados aos países da OCDE. Na economia britânica, por exemplo, a maior parte das transações offshore é controlada pela City – a Bolsa de Londres.John Christensen, no livro “Evasão fiscal e pobreza”, publicado pelo Centro Tricontinental, classifica o Reino Unido em lugar de destaque entre os países mais corruptos do mundo.No entanto, uma organização como Transparência Internacional, que publica anualmente a lista dos países mais corruptos se centra nos países da periferia do capitalismo. No entanto, na sua lista, segundo Christensen, 40% dos paises situados como os menos corrompidos, são paraisos fiscais offshore e centros financeiros como Singapura, Suíça, Reino Unido, Luxemburgo, Hong-Kong, Alemanha, Estados Unidos, Bélgica e Irlanda. Nas palavras de um dirigente nigeriano que investiga o tema: “É irônico que Transparência Internacional, situada na Europa, não pense em considerar a Suíça como a primeira ou a segunda nação corrupta do mundo, por ter abrigado, encorajado e incitado todos os ladrões dos tesouros públicos do mundo a colocar seu botim sob salvaguarda em suas asquerosas caixas fortes”. Em outras palavras, considera a corrupção do lado da oferta, mas não da procura ou ainda, coloca toda a responsabilidade nos corruptos, absolvendo os corruptores – via de regra governos do centro do capitalismo e empresas multinacionais.
Postado por Emir Sader às 08:04

É...

O Ser é, o não-ser não é
De um só caminho nos resta falar: do que é; e neste caminho há indícios de sobra de que o que é, é indestrutível, porque é completo, inabalável e sem fim. Não foi no passado nem será no futuro, uma vez que é agora, ao mesmo tempo, uno, contínuo; pois que origem lhe poderá encontrar? Como e de onde surgiu? Nem eu te permitirei dizer ou pensar, "a partir daquilo que não é", pois não é para ser dito nem pensado o que não é. E que necessidade o teria impelido a surgir, se viesse do nada, num momento posterior de preferência a um anterior?
O Ser não nasce nem morre
Portanto é forçoso ou que seja inteiramente, ou nada. Nem a força da verdadeira crença permitirá que, além do que é, possa algo surgir também do que não é; por isso, a Justiça não solta as algemas de deixar nascer ou perecer, antes as segura. Acerca disto a decisão reside neste fato: é ou não é (...) Como poderia o que é perecer depois disso? E como poderia ser gerado? Porque se foi gerado, não é, nem se o vai ser no futuro. Assim a geração se extingue e a destruição é impensável.
O Ser é indivisível
Também não é divisível, pois que é homogêneo; nem é mais aqui e menos além, o que lhe impediria a coesão, mas tudo está cheio do que é. Por isso, é todo contínuo; pois o que é adere intimamente ao que é.
Parmênides

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