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René Queiroz

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quarta-feira, fevereiro 17, 2010

O futuro do PSDB

Não vejo futuro político para o PSDB.
O PSDB surgiu para ser um partido social democrata, mas abandonou o projeto de social-democracia para adotar um modelo neoliberal de estado minimo.
É bom enfatizar o que é a social-democracia, para se entender porque o PSDB não consegue, agora, apresentar um projeto próprio. Social-democracia é um movimento de centro-esquerda que prega que é possível chegar ao “socialismo” sem ser necessário recorrer a via revolucionária, através da participação na democracia representativa.
Portanto, quando o FHC escreveu naquele texto do Dia de Finados que a esquerda possui um “DNA totalitário” está subentendido que não é possível ser esquerda (isto é, ter um projeto socialista) e participar da democracia representativa ao mesmo tempo. Basicamente, FHC renegou a social-democracia abertamente, fato que já ocorreu para o PSDB há bastante tempo.
O primeiro problema que surge dessa mudança de rumo é que o PT, que surgiu como um partido de massas revolucionário, foi aos poucos evoluindo para um partido social-democrata. Essa transformação ocorreu definitivamente no governo Lula. Não se enganem com o termo pejorativo "lulismo", isso não existe, o que está ocorrendo é que o projeto do PT, o petismo, é atualmente social-democrata.
Não existe espaço para dois partidos social-democratas no Brasil. O PSDB teria muita dificuldade de reaver tal espaço político, pois o PT parece implementar o projeto social-democrata com maior eficiência. Qual a razão disto?
Devemos lembrar que o PSDB possui melhores quadros, portanto deveria ter sido mais eficiente na implantação de um projeto social-democrata. No entanto, os laços do PSDB com os movimentos sociais sempre foram fracos. O PT, ao contrário, por ser um partido de massas apresenta fortes laços com os movimentos sociais. Parece-me que o PT está, paulatinamente, concomitante à mudança de projeto político de revolucionário para social-democrata, construindo quadros próprios.
A conclusão é que será muito difícil, senão impossível, o PSDB retornar ao campo social-democrata. Aos poucos perderá os quadros intelectuais de esquerda e já está perdendo as poucas ligações que tinha com os movimentos sociais.
E o projeto neo-liberal não se sustenta. O momento histórico dele passou, foi a causa da crise financeira internacional. Além disso, o Estado mínimo foi implantado no governo de São Paulo, com conseqüências desastrosas.
Desse modo, é muito difícil que o PSDB consiga desenvolver um projeto político próprio. E sem projeto político o destino de qualquer partido é definhar lentamente até a extinção.
Com relação ao Aécio, não será candidato à Presidência. Está tarde demais para isso, não existe tempo para reverter a transferência de votos do Lula para a Dilma. E a própria postura de membros do partido, de serem anti-lulistas (e, portanto, contrários a um projeto social-democrata) inviabiliza qualquer movimento do Aécio de ser o pós-Lula.
E Aécio, no Senado, não será o grande líder das oposições como alguns sonham. A cadeira de Presidente do Senado está disponível apenas para governistas.
Sendo assim, ou o PSDB se torna governista num governo Dilma, ou Aécio pula fora levando parte do partido e levando à extinção abrupta do PSDB.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

'El País': Com Serra ou Dilma, 'Lula vencerá' eleições de 2010

Se ela (Dilma) vencer, as eleições seriam na verdade um terceiro mandato de Lula e garantiriam a continuidade de um certo lulismo
"Com Serra, o Brasil seria um país sem Lula, mas ainda com Lula, no sentido de que o governador paulista não nega nenhuma das conquistas sociais de seu governo.
Um artigo no diário espanhol "El País" avalia que, qualquer que seja o vencedor das eleições de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sairá, simbolicamente, vencedor no pleito.
A análise, assinada pelo correspondente do jornal no Brasil, Juan Árias, discorre sobre os dois principais pré-candidatos na disputa - a petista Dilma Rousseff, candidata do Planalto, e o tucano José Serra, da oposição - afirmando que ambos, se eleitos, "seguirão o caminho" de Lula."
A partir do próximo dia 1º de janeiro, o Brasil será um Brasil sem Lula. O que acontecerá? Nada", diz o repórter."Continuará sendo um país com instituições democráticas consolidadas, que não apenas conseguiu sair, sem se quebrar, da crise mundial, mas que está crescendo; um país sem possibilidades de golpe de nenhum tipo e que, apesar de alguns rompantes populistas em alguns momentos - sobretudo pela influência do chavismo - não se deixou arrastar pelo populismo da vez na América Latina."
Juan Árias aposta que a disputa presidencial deste ano será disputada. De um lado está Dilma, "uma espécie de sombra" de Lula, diz o analista. "Se ela vencer, as eleições seriam na verdade um terceiro mandato de Lula e garantiriam a continuidade de um certo lulismo."
Porém, diz o texto, "Dilma não é Lula".
"É quase um anti-Lula porque, mais que uma iluminada e uma improvisadora como ele, é uma gestora, que carece do carisma transbordante de seu chefe", descreve.
Já Serra "suporia a alternância normal, interrompendo de alguma forma a continuidade do PT no poder", avalia Árias.
Mas o autor acredita que o tucano não é um "anti-Lula" e que, portanto, a escolha entre sua política e a política atual é "um falso dilema". "Com Serra, o Brasil seria um país sem Lula, mas ainda com Lula, no sentido de que o governador paulista não nega nenhuma das conquistas sociais de seu governo." Na opinião do correspondente, a campanha de Serra não seria "contra Lula", mas "depois de Lula".
"Para Serra, seu governo não seria uma fotocópia do passado social-democrata, mas uma página nova. "Na avaliação do correspondente do "El País", "sem Lula agora, e talvez com Lula amanhã de novo, o Brasil é um país que tomou o trem na direção certa, que o levará a consolidar o milagre de seu desenvolvimento".

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